Introdução: O Dispositivo Intrauterino (DIU) é um método contraceptivo eficaz, seguro e de fácil inserção. É um método reversível e amplamente disponível pelo SUS. Devido à sua facilidade, segurança, eficácia e disponibilidade, ele se torna uma ferramenta poderosa na redução das gestações não planejadas. Apesar disso, o uso do DIU permanece com taxas muito baixas no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS). A inserção de DIU pode ser realizada por qualquer médico capacitado para este procedimento ambulatorial, não exigindo recursos hospitalares ou materiais de alto custo. As maiores barreiras seguem sendo a baixa capacitação de profissionais na APS e a necessidade de desmistificação que o procedimento é exclusivo aos Ginecologistas. Metodologia: Foram selecionados artigos em inglês e português nas plataformas Medline, Dynamed, SciELO e PubMed, utilizando os descritores "Atenção Primária, DIU e Treinamento". Foram priorizadas publicações entre 2015-2024. Discussão: Ações de planejamento familiar, incluindo inserção de DIU, fazem parte das atribuições da APS e das competências do Médico de Família e Comunidade (MFC), devendo ser estimuladas também aos médicos generalistas atuantes nas equipes de Saúde da Família. Dentre os métodos contraceptivos disponíveis no SUS, destaca-se o DIU de cobre, método seguro e eficaz, com taxas de falha tão baixas quanto a esterilização cirúrgica feminina. É o método reversível mais utilizado no mundo. Há diversas barreiras organizacionais e individuais, que reduzem a adesão ao DIU no Brasil. Destacam-se a baixa capacitação e atualização de profissionais, ausência de protocolos municipais específicos, exigência de exames de imagens e laboratoriais desnecessários e reprodução de mitos populares. A ampliação na capacitação e treinamento de profissionais atuantes na APS sobre a inserção de DIU tem potencial de reduzir inequidades em saúde, romper falsos paradigmas e oferecer à população o planejamento familiar de qualidade e segurança. Conclusão: Entre as inúmeras tarefas e obrigações da APS, o planejamento familiar se destaca devido às diversas barreiras que dificultam sua realização da melhor forma possível. É comum que encontremos comunidades que sofrem com o difícil acesso a consultas especializadas e a realização de procedimentos ambulatoriais, como a inserção do DIU. Nesse contexto, e por ser uma tarefa primariamente de responsabilidade da APS, é necessário que sejam ampliados programas que capacitem médicos da APS, tanto MFC quanto generalistas, a realizarem esse procedimento. Além de ser uma estratégia de baixo custo e risco, gera impactos positivos no planejamento familiar individual e comunitário, principalmente em regiões de alta vulnerabilidade social.