INTRODUÇÃO: A notalgia parestésica é uma neuropatia sensorial crônica que acomete a região dorsal entre os dermátomos T2 a T6. Ocorre com maior prevalência mulheres de meia idade, sem predileção por raça. É uma doença benigna, com períodos de remissão e exacerbação. OBJETIVO: Relatar apresentação típica de nostalgia parestésica em atendimento na atenção primária. DESCRIÇÃO EXPERIÊNCIA: Paciente do sexo feminino, 38 anos, previamente hígida, comparece à unidade de saúde com quadro de lesão em região dorsal de aparecimento há 15 anos, com intensificação do quadro álgico e prurido na última semana. Ao exame físico, presença de mácula hipercrômica em região interescapular à direita, com bordas irregulares e hipoestesia local. Foi realizado o diagnóstico clínico e prescrito Gabapentina 300 a cada 12 horas por via oral e Loratadina 10 mg. No retorno, após 4 semanas de tratamento, a paciente relatou melhora da dor, prurido e redução da extensão da lesão. O acompanhamento será mantido com consultas mensais até a remissão do quadro. RESULTADOS: A etiologia da notalgia parestésica (NP) não é totalmente esclarecida na literatura, estudos propõem causas multifatoriais: degenerações vertebrais, herniação do disco intervertebral e compressão muscular de nervos sensitivos. A NP manifesta clinicamente com prurido intenso e intermitente em região dorsal, dor local e parestesia da região acometida. A presença de alteração cutânea é característico da doença, porém não está presente em todos os casos. O diagnóstico é feito principalmente pela história clínica e familiar, questionando comorbidades como artrite, hérnia de disco e doenças degenerativas de acometimento vertebral e medular, associado a exame físico detalhado. Exames radiológicos de coluna podem elucidar o quadro. O tratamento pode ser feito de forma oral, com agentes tópicos, injeção de toxina botulínica, estimulação nervosa elétrica transcutânea e fisioterapia. Os fármacos de escolha incluem gabapentinoides, anti-histamínicos e anti-inflamatórios. Não há tratamento considerado padrão ouro, sendo a avaliação da eficácia de cada fármaco prejudicada pela carência de estudos sobre o tema. CONCLUSÃO: A NP é uma síndrome com poucos estudos disponíveis, fator que dificulta a compreensão etiológica, o manejo do quadro e a padronização do tratamento. Apesar da escassez citada, a atenção primária possui um importante papel no prognóstico da doença, uma vez que permite o acompanhamento longitudinal do paciente, diminuindo o impacto da afecção na sua qualidade de vida.