INTRODUÇÃO
A esporotricose é a micose de implantação traumática ou subcutânea mais prevalente no mundo. É causada por fungos do gênero Sporothrix, podendo ter evolução subaguda ou crônica, geralmente benigna, acometendo a pele e os vasos linfáticos adjacentes, causando úlceras, nódulos e abscessos. A afecção pode afetar tanto humanos quanto animais e se destaca por ser uma doença endêmica cujos agentes etiológicos encontram-se amplamente distribuídos no ambiente, de forma que sua transmissão se relaciona, principalmente, a atividades agrícolas, jardinagem e contato com gatos infectados pelo fungo.
OBJETIVO
Relatar as manifestações clínicas da esporotricose e seu manejo na atenção primária.
DESCRIÇÃO EXPERIÊNCIA
Masculino, 3 anos, acompanhado de responsável, procura Unidade de Estratégia de Saúde da Família com lesão dolorosa em cotovelo esquerdo há 1 semana. Ao exame físico, lesão úlcero crostosa em olécrano, com disseminação linfática em direção ao braço esquerdo e lesões menores subcutâneas secundárias. Foi prescrito Cefalexina, Sulfadiazina de prata 1% tópico e compressas quentes. Paciente retorna à unidade após tratamento com manutenção do quadro, apresentando lesão com padrão de rosário esporotricótico. Realizado extensão propedêutica após responsável relatar contato com gatos que apresentavam lesões cutâneas. Nessa ocasião, teste micológico da lesão revelando presença de células leveduriformes sugestivas de Sporothrix schenckii. Inicialmente, foi proposto tratamento com Itraconazol 100 mg por 30 dias e acompanhamento semanal.
RESULTADOS
A esporotricose é uma doença de impacto mundial e, desde 1998, vem se tornando um problema de saúde pública no Brasil devido ao aumento significativo de casos em seres humanos. Embora seja recomendado pelo Ministério da Saúde que todo caso suspeito e/ou confirmado seja notificado e investigado, atualmente, não é uma doença de Notificação Compulsória no país, o que leva à carência de dados sobre a prevalência da afecção. A doença pode se apresentar nas formas cutânea, linfocutânea, extracutânea ou disseminada e, normalmente, se inicia com lesão única, podendo evoluir para cura espontânea ou não. Se não curada, ocorre surgimento de lesões mucocutâneas e acometimento de cadeias linfáticas. Anorexia, desidratação, vômitos, febre e perda ponderal podem estar associadas ao quadro clínico. Nas formas extra cutâneas e disseminadas, há o comprometimento de diversos órgãos, como o pulmão, acarretando em febre, tosse e dispneia.
CONCLUSÕES
Os altos níveis de prevalência e a possibilidade de prevenção da esporotricose demonstram a importância atuação da atenção primária no curso da doença, ao realizar o diagnóstico precoce e tratamento assertivo, evitando complicações e gerando interrupção da transmissão da afecção.