INTRODUÇÃO
A violência começou a ser debatida na saúde com a criação da Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violência em 2001. Desde então, houve vários avanços relacionados à proteção das mulheres, como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio. Todavia, a APS ainda enfrenta dificuldades a respeito do acolhimento e do encaminhamento das mulheres vítimas de violência, seja pela falta de escuta empática ou por falha na orientação sobre quais os caminhos possíveis.
OBJETIVO
Analisar a produção científica dos últimos cinco anos sobre o atendimento na APS das mulheres em situação de violência, de modo a refletir sobre as suas lacunas e seus motivos.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão de literatura construída a partir das plataformas “Google Acadêmico” e “Scielo”, e dos descritores “SUS”, “violência” e “mulheres”. Foram selecionados seis artigos entre 2018 e 2023.
RESULTADOS
De acordo com o Sistema de Informação de Agravo de Notificações, entre 2009 e 2014, o número de registros relacionados à violência sexual, psicológica/moral e patrimonial eram, em média, cinco vezes maiores no sexo feminino. Em pesquisa realizada na Paraíba, notou-se que as mulheres atendidas na APS eram de baixa classe econômica, em idade reprodutiva, cisgênero, afrodescendentes e com baixa escolaridade. Em relação à maneira como acontece o atendimento, cabe elencar o potencial de detecção precoce dos casos, devido à aproximação da equipe com a realidade e criação de vínculos. Entretanto, esse acolhimento nem sempre acontece da maneira adequada e, entre os motivos, destacam-se a falta de capacitação, o modelo biomédico focado na doença, a fragmentação do atendimento, o medo de denunciar e a impotência por não saber direcionar a vítima. Nesse sentido, o preparo dos profissionais é crucial para criar um ambiente seguro e acolhedor. No entanto, a falta de estrutura e a integração limitada com outros setores representam obstáculos para o atendimento adequado, resultando em subnotificação e baixa procura por apoio nas UBSs.
CONCLUSÃO
Embora a APS tenha grande potencial de atuação nos casos de violência contra a mulher devido aos seus princípios - universalização, equidade e integralidade - e à sua articulação entre os diferentes setores que interferem na saúde, o atendimento às mulheres é limitado, sobretudo, pela falta de capacitação profissional. Dessa forma, elas continuam sendo revitimizadas, hesitando em procurar ajuda médica, psicológica e social e, consequentemente, cria-se mais uma barreira no processo de enfrentamento a esse tipo de violência.