Introdução:
Paulo Freire, define “O conhecimento é um ato histórico e dialógico que ocorre durante toda a vida”. E, baseando-se nessa máxima, estruturamos o Projeto de Extensão Semear Saúde. Inicialmente, o grupo de 8 alunos dos cursos de Medicina, Jornalismo e Engenharia, esperava realizar uma educação continuada em saúde com os trabalhadores rurais, porém, para muito além disso, ocorreu uma construção conjunta de saberes.
Objetivos:
Apresentar a experiência educacional proporcionada pela integração ensino-serviço-comunidade ao longo de um projeto de extensão com trabalhadores da zona rural em Minas Gerais. Além de relatar dificuldades encontradas na busca por campos práticos que não teriam sido vencidas sem agentes de saúde da comunidade atuantes e comprometidos.
Descrição da experiência:
A idealização do projeto iniciou a partir da preocupação dos discentes com a exposição de agropecuaristas à agrotóxicos e a ideia inicial era abordar o uso de EPI´s. Contudo, em nossa caminhada por referenciais teóricos passamos a questionar sobre os saberes e como eles não devem ser expostos sob uma visão academicista, mas sim, com base na valorização do que pessoas de diferentes realidades e tradicionalidades têm a ensinar.
Nesse cenário, reformulamos nossas práticas para visitas em campo, nos entendemos em posição, também, de aprendizes. Primeiro em um laticínio e posteriormente em fazendas. E, a partir desse ponto de equidade, pontuamos medidas a serem tomadas com respaldo nas Normas Regulamentadoras de Segurança do Trabalho com intencionalidade de maior proteção do trabalhador.
Cabe ressaltar que, inicialmente, muitas fazendas demonstraram receio em receber a equipe do projeto, porém, com o apoio da equipe de Estratégia de Saúde da Família do SUS bem vinculada à comunidade, nossas ações passaram a ser bem aceitas.
Resultados:
Acreditamos termos realizados melhorias na segurança do trabalhador nos locais aos quais visitamos, e construído uma relação bilateral de educação continuada em saúde. Ademais, concluímos as visitas do Projeto com uma visão mais humanizada e menos verticalizada sobre ações comunitárias. Afinal, o saber é contínuo e cada caso estudado é único. Assim, formar profissionais cientes dessa necessidade de individualização nas intervenções é um ato pedagógico revolucionário.
Conclusão:
Ao entrarmos em contato com o conceito ampliado de saúde e com sua aplicação pelos profissionais do SUS, compreendemos que a prática em saúde não deve ser imposta, mas sim ter a participação de conhecimentos, valores e experiências das pessoas, para que sejam pactuadas as agendas, construídos planos e promovidos aprendizados em conjunto, específicos para cada contexto.