INTRODUÇÃO: A ideia do modelo biomédico de tratamento da doença ainda persiste na população brasileira, a qual foca apenas nas doenças e em como curá-las (OLIVEIRA, 2002, LEONARDI, 2018). Assim, a investigação da doença fica restrita somente aos sintomas, dificultando a análise de todo o contexto, no qual o paciente está inserido. Entretanto, a saúde deve ser concebida a partir de um resultado de ações, escolhas, intenções entre outros inseridos na teia social de ideias, expectativas, práticas sociais e instituições (LEONARDI, 2018). OBJETIVO: descrever a experiência de acadêmicos de medicina de uma universidade do centro-oeste de Minas Gerais, na identificação da fragilidade do modelo tradicional biomédico na abordagem de uma paciente em visita domiciliar. RELATO DE EXPERIÊNCIA: A partir de uma visita domiciliar à casa de um paciente com o diagnóstico de hipertensão e obesidade mórbida que no momento encontrava-se acamado, foi identificado, também, que os cuidados deste eram de forma integral prestados por sua mãe. Esta, uma senhora de 67 anos com sinais de envelhecimento precoce, abuso de tabaco, histórico de 7 infartos agudos do miocárdio e evidência de aterosclerose em 5 artérias. Decorrente 6 meses da visita domiciliar, outra filha desta senhora compareceu à unidade básica de saúde para uma consulta de rotina, na qual relatou crises de pânico há cerca de 3 meses, motivadas pela situação emocional fragilizada, devido à saúde de seus familiares, principalmente de sua mãe, que frequentemente nega alimentos e expressa ideação de autoextermínio. Logo em seguida, sua mãe foi atendida acompanhada pela filha. Aquela se demonstrou extremamente desinteressada na interação com o médico e com os discentes ali presentes, se expressando com respostas curtas e evitando contato visual. A partir desta experiência foi possível compreender uma narrativa complexa que revela um conjunto de desafios médicos, psicológicos e familiares que exigem uma abordagem integrada e multidisciplinar protagonizada pela Estratégia de Saúde da Família. CONCLUSÃO: Nesse ínterim, foi identificado que quando uma enfermidade acomete um indivíduo em uma família, esta tende, quando não orientada profissionalmente, sem recursos sociais e financeiros, a adoecer juntamente com o enfermo. É nesse contexto em que a presença do médico de família e comunidade se faz necessária, visto que tal profissional é capacitado para trabalhar da melhor maneira, com um cuidado integral centrado na pessoa, para o melhor manejo das relações saúde doença.