INTRODUÇÃO: De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Violência Contra a Mulher (VCM) é reconhecida como um problema de saúde pública, o que requer, de maneira indispensável, o preparo e capacitação dos trabalhadores dessa área para o enfrentamento e prevenção desse fenômeno recorrente na sociedade. No contexto brasileiro, a Atenção Primária à Saúde (APS) pode ser considerada a porta de entrada para a assistência profissional e, consequentemente, para o acolhimento da mulher em situação de violência. Dessa maneira, é interessante compreender como se dá a atuação da equipe interdisciplinar por meio do compartilhamento e discussão pedagógico-terapêutica sobre os casos, ou seja, através do matriciamento. OBJETIVO: Analisar a atuação das equipes multidisciplinares no enfrentamento e na prevenção da VCM na atenção primária da saúde, através da implementação do apoio matricial. METODOLOGIA: Este trabalho trata-se de uma revisão de literatura a partir das plataformas “Google Acadêmico”, “Biblioteca Virtual em Saúde” e “Scielo”. Foram selecionados cinco artigos a partir dos descritores “equipe multidisciplinar”, “violência contra a mulher” e “matriciamento”. RESULTADOS: No tocante da pesquisa, nota-se que existem adversidades na APS, que se apresentam através do modelo médico centrado, o que inviabiliza o diálogo entre os profissionais, além disso, o binômio saúde-doença perpetuou-se como um obstáculo epistemológico para a visão holística da manifestação da VCM. Nesse contexto, o matriciamento e a equipe multidisciplinar são ferramentas primordiais na transformação da realidade, tratando a questão para além das condutas resolutivas e atuando de maneira ativa e integral com as reais necessidades das vítimas, de maneira conjunta com outros dispositivos da rede de assistência a VCM. Diante disso, tem-se como exemplo a implementação do atendimento a Conflitos Familiares Difíceis (CONFAD) no Centro de Saúde Escola Samuel B. Pessoa, em São Paulo, e a Casa de Apoio Viva Maria, apoiada pelo Programa Municipal de Albergues com o objetivo de acolher mulheres em situação de violência em seus abrigos. CONCLUSÕES/HIPÓTESES: É de suma relevância desenvolver as potencialidades que existem através das APS, consolidando a implementação das políticas públicas existentes e capacitando os profissionais que compõem essa frente de assistência, promovendo principalmente o diálogo entre os trabalhadores do campo da saúde. Além disso, a destituição das equipes multiprofissionais pelo governo anterior provoca a desmobilização da categoria e a precarização do matriciamento. Dessa forma, evidencia-se a relevância do apoio matricial e da integração profissional no enfrentamento da Violência Contra a Mulher na Atenção Primária à Saúde.