Introdução: O Matriciamento emerge como uma estratégia crucial de apoio à Atenção Primária à Saúde (APS) nos cuidados paliativos (CP) em que equipes de especialistas dão retaguarda à APS na gestão de casos complexos. Essa prática, essencialmente colaborativa, busca estabelecer uma rede de suporte técnico-pedagógico para oferecer cuidados adequados às pessoas em CP, visando melhorar qualidade de vida, promover a continuidade do cuidado e aumentar a resolutividade da APS. Objetivo: Descrever a importância do matriciamento como uma ferramenta de gestão compartilhada e identificar os desafios da sua implementação perante a Política Nacional de Cuidados Paliativos do Sistema Único de Saúde (PNCP-SUS). Metodologia: Realizada revisão integrativa, analisando estudos de casos e publicações sobre a tecnologia do matriciamento na saúde no Brasil. Desenvolvimento: O Matriciamento permite a integração entre profissionais de saúde de diferentes áreas de conhecimento a partir do compartilhamento de conhecimentos e experiências. Essa cooperação permite uma visão abrangente não fragmentada do paciente. O matriciamento no SUS foi inicialmente incorporado pelos Núcleos Ampliados de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) e pela Saúde Mental. Entre os instrumentos do matriciamento estão: elaboração de projeto terapêutico singular, interconsulta, visita domiciliar conjunta, educação permanente, abordagem familiar, dentre outros. Os cuidados de fim de vida podem ser complexos em situações específicas para a APS, tais como: desprescrição de medicamentos, manejo de sintomas refratários e limitação de esforço terapêutico. Somada a essa complexidade clínica, a desigualdade no acesso aos CP em todo o país culminou na Resolução no. 41/2018 pela Comissão Intergestores Tripartite que dispõe sobre as diretrizes para a organização dos CP no SUS. O apoio matricial surge como uma recomendação e está sendo considerada na estruturação da política nacional de CP. Contudo, para que o Matriciamento seja efetivo, é necessário investimento significativo em capacitação profissional, integração de serviços e suporte institucional. Essa abordagem requer mudança na cultura organizacional e na prática clínica, cujos benefícios resultantes compensem os desafios. Conclusão: O Matriciamento pode ser uma estratégia interessante na consolidação dos CP no país através do suporte técnico-pedagógico e retaguarda assistencial de equipes especializadas à APS garantindo a integralidade e longitudinalidade do cuidado em fim de vida, menor utilização dos serviços secundários, controle adequado de sintomas, redução do número de mortes hospitalares e suporte adequado aos familiares na conscientização do processo de terminalidade próxima. Contudo, para que o matriciamento seja implementado, requer investimento em capacitação, integração de serviços e suporte institucional.