INTRODUÇÃO
Pessoas Intersexo são aquelas que fogem dos padrões normativos de masculino e feminino de sexo biológico. Esses sujeitos têm suas existências patologizadas pela Medicina e, por isso, passam por vários processos cirúrgicos, realizados para atender ao padrão estético binário de gênero. Dessa forma, tem-se a emergência de se entender melhor o itinerário terapêutico das pessoas Intersexo na saúde a partir das vivências delas e não somente da perspectiva biológica, presente em muitos dos artigos e produções cientificas relacionados ao tema.
OBJETIVO
O presente trabalho tem como objetivo compreender o itinerário terapêutico das pessoas Intersexo no sistema de saúde a partir de suas perspectivas acerca do seu processo de saúde/doença.
METODOLOGIA
Para a execução do projeto, foi utilizada a metodologia da história oral de vida, contando com a entrevista de 4 colaboradores. Tal metodologia busca trabalhar com vivências e com a compreensão do espaço pessoal e subjetivo. Assim, torna-se possível entender a pessoa em uma perspectiva integral, incluindo as suas experiências, já que muitos relatos perpassam suas condições Intersexo, mas não se limitam a essa temática.
RESULTADOS
Sabe-se que o conhecimento médico não proveu e não provém matérias ou informações necessárias para que as pessoas Intersexo possam entender o corpo e a existência próprios. Uma das entrevistadas conta: “eu me via diferente não só na questão da identidade, mas na questão biológica”. Ocorre que a Medicina classifica esses corpos como “anormais”, “patológicos”, “corpos a serem consertados” e os esconde em algumas páginas de livros didáticos, sem anunciar para o mundo que essas existências podem ser vividas de forma livre e com visibilidade. A Medicina e a Biologia podem fornecer meios para que as pessoas Intersexo possam se emancipar, por meio do reconhecimento desses corpos, para que sejam pensadas e incluídas nas políticas públicas, garantindo saúde de qualidade. Contudo, ainda há negação de que essas vidas são passíveis de serem vividas.
CONCLUSÃO
Portanto, é visível que o itinerário terapêutico na saúde das pessoas Intersexo perpassa suas vidas transversalmente; os atendimentos a essas pessoas tiveram como objetivo a coerção desses corpos – a fim de que eles se sujeitem à norma – por meio do convencimento das famílias de que a abordagem intervencionista é a melhor. Cabe ressaltar que a questão da vida Intersexo precisa ser constantemente abordada, a fim de que essas existências deixem de ser abjetas e assumam o seu lugar de respeito e de dever, que é na visibilidade.