Introdução
O diagnóstico clínico se originou há 3.000 anos, onde a atenta observação do paciente, a anamnese e a ausculta direcionavam as condutas. Em 1523, a publicação do livro De Humanis Corporis Fabrica oportunizou conhecimentos anatômicos fundamentais ao método clínico. No ano de 1816, a invenção do estetoscópio foi um marco na prática médica, possibilitando descrever alterações pulmonares e cardíacas. Na semiologia praticada atualmente, há quatro pilares no exame físico: inspeção, palpação, percussão e ausculta. Paralelo a isso, a utilização da ultrassonografia “point of care” pelos profissionais médicos não especialistas em imagem adicionou o quinto pilar: a insonação. Nesse contexto, a PoCUS na Medicina de Família e Comunidade surge como ferramenta de resolutividade, aumentando consideravelmente a acurácia do diagnóstico e o início precoce do tratamento, indispensáveis na Atenção Primária à Saúde.
Objetivo
O presente relato objetiva apresentar a experiência acadêmica em uma Unidade Básica de Saúde, onde a prática da Medicina de Família e Comunidade é guiada pela ultrassonografia à beira leito.
Descrição da Experiência
Durante dois anos, acadêmicos da Liga de Medicina de Família e Comunidade estagiaram em uma Unidade Básica de Saúde na qual se utilizava a ultrassonografia “point of care” em complementação ao exame físico. Considerando que um dos desafios no cuidado do paciente usuário do Sistema Único de Saúde está no acesso, a insonação mostrou-se capaz de assegurar a resolutividade, principalmente em visitas domiciliares. Por vezes, pacientes com queixas indiferenciadas tiveram confirmação após a utilização da PoCUS, evitando-se o encaminhamento a especialistas focais, mediante sua rápida utilização e interpretação, confirmando ou excluindo um diagnóstico. Enquanto ligante foi possível presenciar avaliações clínicas cuja ultrassonografia auxiliou a tomada de decisão. Durante a atuação na Liga foram confirmadas tromboses venosas profundas, trauma contuso abdominal com presença de líquido livre, colelitíase, além da vasta utilização obstétrica, tudo em um cenário onde a espera por exames de imagem chegava a ultrapassar seis meses. Somado a isso, a preceptoria, ao utilizar um aparelho adquirido com recursos pessoais, transmitiu aos acadêmicos a importância do comprometimento com a área de atuação, a Medicina de Família e Comunidade.
Conclusão
A utilização da PoCUS na Atenção Primária, apesar de recente, surge como importante ferramenta de resolutividade, principalmente quando utilizada no contexto de áreas remotas ou visitas domiciliares. Mediante a experiência vivenciada, talvez seja o momento de propor o ensino curricular da ultrassonografia “point of care” nos programas de residência da especialidade.
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