Introdução: O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é uma condição crônica progressiva que requer manejo cuidadoso para evitar complicações graves. No entanto, pacientes descompensados podem enfrentar dificuldades em seu controle que perpassam determinantes sociais individuais, fatores biopsicológicos, comportamentos e estilos de vida conflitantes. O cuidado e monitoramento dos pacientes acometidos por essa doença dá-se preferencialmente por equipes de atenção primária à saúde (APS), com o objetivo de garantir a coordenação do cuidado integral ao indivíduo com DM2. Este relato de caso descreve a abordagem bem-sucedida na APS de uma paciente com DM2 descompensada de longa data, através do fortalecimento da rede de apoio e educação em saúde.
Objetivo: Este relato tem como objetivo demonstrar como a implementação de uma rede de apoio sólida e programas educacionais eficazes podem melhorar o controle do DM2 e a qualidade de vida dos pacientes.
Metodologia: Uma paciente de 74 anos com DM2 insulino-dependente descompensada, devido à falta de adesão ao tratamento e compreensão limitada da doença, foi identificada e incluída no programa de intervenção. O programa incluiu consultas médicas regulares, iniciativas de busca ativa, sessões de educação em saúde focadas no manejo do DM2, envolvimento da equipe multidisciplinar, visitas domiciliares e expansão da rede de apoio. O progresso do paciente foi monitorado através de avaliações clínicas e exames laboratoriais.
Resultados: Após 6 anos de intervenção, a paciente demonstrou uma melhoria significativa no controle glicêmico, com uma redução da hemoglobina glicada (HbA1c) de 9,4% para 6,2%. Esse progresso foi observado devido melhor adesão ao tratamento, uma vez que a paciente começou a utilizar os medicamentos prescritos conforme recomendado, sendo possível inclusive a redução na dose da insulina NPH de 40 UI pela manhã e 16 UI à noite para 30 UI pela manhã e 10 UI à noite. A busca por uma rede de apoio além da familiar, e a educação em saúde feita em cada atendimento também foram fatores importantes na melhoria do bem-estar emocional e na motivação da paciente para o autocuidado.
Conclusões: Este caso destaca a importância do fortalecimento da rede de apoio e da educação em saúde no manejo eficaz do DM2 descompensada. O envolvimento ativo dos pacientes, familiares e profissionais da APS são essenciais para promover melhores resultados clínicos e qualidade de vida em pacientes com DM2. Ressalta-se ainda que essa construção se manifesta de forma não linear, perpassando diferentes profissionais e envolvendo falhas e acertos ao longo de anos.