Introdução: A sífilis adquirida trata-se de uma infecção sexualmente transmissível desencadeada pelo agente etiológico Treponema pallidum, com amplo espectro de manifestações clínicas, a depender do estágio de evolução da doença. Geralmente, a transmissão ocorre por meio de relação sexual desprotegida com parceiro infectado. Embora a sífilis seja frequentemente associada à população mais jovem, a enfermidade pode afetar qualquer faixa etária, incluindo, sobretudo, idosos, em que a sexualidade está associada a consideráveis tabus e estigmas sociais. Em vista disso, a existência de discussões acerca da condição e a procura por assistência médica em tempo oportuno para diagnóstico e abordagem terapêutica podem enfrentar notáveis obstáculos. Objetivo: Estimar a prevalência de casos confirmados de sífilis adquirida em indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos no estado de Minas Gerais. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico observacional seccional fundamentado em consulta ao sistema TabNet DATASUS, realizado no dia 13 de abril de 2024, utilizando os critérios sexo, etnia, escolaridade e ano de ocorrência, por meio de pesquisa de casos confirmados da doença no período de 2013 a 2023. Resultados: Registrou-se um total de 8.828 indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos e diagnóstico confirmado de sífilis adquirida, sendo 5.759 pacientes do sexo masculino e 3.033 do sexo feminino. Em relação à cor da pele, houve prevalência de pardos (n= 3.826), seguidos de brancos (n=2.787), pretos (n=1.157), amarelos (n=58) e indígenas (n=16). Em relação à escolaridade, 4448 indivíduos não informaram seu grau. Em seguida, 4.377 indivíduos foram registrados como analfabetos e apenas 3 indivíduos com 1º a 4º série incompleta do ensino fundamental. As demais escolaridades não obtiveram nenhum registro. A frequência por faixa etária conforme ano da notificação se apresenta a seguir: 2022 (n=1.854), seguido de 2021 (n=1.189), 2019 (n=1.143), 2018 (n=1.019), 2023 (n=1.008), 2020 (n=853), 2017 (n=676), 2015 (n=448), 2014 (n=196) e 2013 (n=104). Conclusão: Observou-se que o perfil de maior prevalência de casos confirmados de sífilis adquirida em indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, no período de 2013 a 2023, refere-se ao sexo masculino, pardo, com escolaridade não informada e notificação em 2022. Tendo em vista esta análise epidemiológica, demonstra-se o enorme impacto da sífilis adquirida em uma população que já sofre com a invisibilidade de sua sexualidade. Assim, evidencia-se a importância da promoção de saúde integral ao idoso, reconhecendo que a sexualidade é parte integrante da vida em todas as idades.