Introdução:Um momento significativo na adolescência é a descoberta da sexualidade, em paralelo com a busca pela autonomia sobre as decisões, emoções e ações, constituindo um período conturbado e ainda carente de esclarecimentos acerca da temática, ou, em certos casos, maturidade para lidar com as responsabilidades inerentes à essa fase. Considerando a escassez da democratização ao acesso de informação no campo dos direitos sexuais, potenciais riscos podem ser evidenciados, como Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), gravidezes indesejadas e violências estruturais. Assim, faz-se necessária a construção de ambientes seguros e acolhedores para a popularização e conscientização das demandas sexuais e reprodutivas de adolescentes.Objetivos:Identificar as percepções dos adolescentes sobre sua sexualidade, bem como explorar as potencialidades do processo de letramento em educação sexual. Metodologia: Trata-se de uma análise qualitativa dos feedbacks obtidos em intervenções de um Projeto de Extensão universitária, pautado em uma metodologia crítico-sensível com abordagem grupal através de rodas de conversa realizadas na escola selecionada. Composto por estudantes de Medicina, o projeto foi desenvolvido em uma escola da rede pública, ao longo de 16 semanas do segundo semestre de 2023, com 240 adolescentes entre 14 e 17 anos. No encerramento, utilizou-se uma técnica de cartas coloridas, nas quais os participantes relacionavam seus conhecimentos prévios e adquiridos em cartas verdes e vermelhas, respectivamente. A análise foi elaborada a partir das cartas vermelhas.Resultados: Na percepção dos participantes, 4 temas destacaram-se durante as intervenções: IST’s; autocuidado e segurança; contracepção e anatomofisiologia. Destes, o tópico de maior impacto constituiu-se nos métodos contraceptivos, abrangendo temas como existência do preservativo interno, utilização do DIU, singularidades dos anticoncepcionais orais (ACO), bem como a construção de diálogos acerca do respeito e consentimento. Observou-se grande desconhecimento sobre o preservativo interno, com genuíno interesse sobre sua aplicabilidade e eficácia. Quanto ao DIU, a grande pauta se deu à autonomia ofertada ao indivíduo e suas diferentes apresentações. Outro ponto destacado foi a ação dos ACO e seus efeitos no organismo.Conclusões:A metodologia demonstrou resultados positivos na construção de conhecimento sobre o corpo e a vivência da sexualidade, concretizando intervenções como a executada, uma importante ferramenta no estímulo da autonomia e no fomento de diálogos sobre os direitos sexuais e reprodutivos. O Projeto de Extensão colabora com o fortalecimento da atenção primária na promoção de saúde e garantia do cuidado, democratizando o acesso e a participação dos jovens no Sistema Único de Saúde.