DESPADRONIZAÇÃO EM PRONTUÁRIOS E A DIFICULDADE EM PESQUISA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

  • Autor
  • Júlia Bernardes Costa
  • Co-autores
  • Rafaela Maritsa Carvalho , Fernanda Soares Mendes
  • Resumo
  • INTRODUÇÃO

    O relato narra experiências acerca da pesquisa desenvolvida por discentes do curso de Medicina, para análise de dados de prontuários no contexto da Atenção Primária à Saúde (APS) em um município de Minas Gerais, com intuito de se verificar o acompanhamento da Diabetes Mellitus (DM) como preconizado pelo Ministério da Saúde.

    Entretanto, no decorrer das visitas às Unidades Básicas de Saúde (UBS) e observação dos prontuários, foram encontrados obstáculos que dificultaram a coleta satisfatória e sistematizada das informações, revelando-se primordial a reflexão sobre a importância da completude das informações em prontuários para avaliação do cuidado e para a gestão e desenvolvimento de políticas públicas.

    OBJETIVO

    Relatar as dificuldades encontradas na coleta de dados na APS e discutir as implicações da despadronização de prontuários no que tange tanto a atuação médica quanto ao uso dos dados para pesquisa.

    DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA 

    Realizou-se prospecção de dados em UBS, coletando informações dos períodos de 2018 a 2023 de 190 prontuários. As variáveis requeridas para a pesquisa visam avaliar o acompanhamento longitudinal dos pacientes com DM, como: número de consultas, exames e encaminhamentos, entre outras, de forma a verificar presença ou ausência de complicações causadas pela DM, a longitudinalidade do cuidado e a aderência ao tratamento.

    Todavia, os discentes se depararam com prontuários incompletos e/ou sem informações; pouca/nenhuma solicitação de exames e escassez de encaminhamentos para especialistas, em especial endocrinologista e oftalmologista. Ademais, observou-se uma expressiva quantidade de renovação de receitas, variando entre 42% a 56% em relação à quantidade de consultas totais realizadas nos anos considerados pela pesquisa, evidenciando um déficit na longitudinalidade. 

    RESULTADOS

    Houve uma diminuição inesperada das variáveis descritivas que os pesquisadores buscavam encontrar, pela escassez de informações relatadas em prontuários. Outrossim, o expressivo número de consultas "sem informação" - marcadas essencialmente por renovações de receitas - deixa dúbio o acompanhamento médico, o que afeta diretamente nos resultados esperados, já que a frequência de visitas médicas com o intuito de acompanhamento e monitorização do paciente com DM é um marcador do cuidado longitudinal.

    CONCLUSÃO

    Conclui-se, portanto, que a despadronização de prontuários médicos dificulta tanto no contexto de pesquisa no Brasil - com potencial de interferir nos resultados em análises posteriores deste documento, haja vista uma interpretação subjetiva quando ausentes informações explícitas/objetivas no objeto analisado - quanto pelo olhar do cuidado longitudinal, uma vez que o prontuário do paciente é adjuvante em seu plano terapêutico, necessitando, para tal, de informações inequívocas.

  • Palavras-chave
  • Atenção Primária à Saúde; Pesquisa; Despadronização de Prontuário.
  • Modalidade
  • Pôster
  • Área Temática
  • Eixo 1 - A resolubilidade na assistência além das 4 paredes do consultório
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