Introdução: Diabetes mellitus na gestação está associado a resultados neonatais adversos e ao aumento nas taxas de cesariana de emergência. Pessoas grávidas com diabetes mellitus pré-existente apresentam risco aumentado de malformações congênitas, natimorto, mortalidade perinatal, macrossomia, prematuridade e aumento das taxas de cesariana. Todavia, observa-se que a qualidade do cuidado oferecido para essas pessoas interfere diretamente nos resultados adversos ao nascimento, reduzindo os números de malformações congênitas e natimortos. Dessa forma, fornecer cuidados clínicos adequados dentro do contexto da Atenção Primária à Saúde (APS) aos indivíduos com diabetes mellitus tem um impacto positivo nos resultados da gravidez.
Objetivo: Este relato tem como objetivo compartilhar os resultados experienciados com o caso acompanhado em uma ESF, destacando a necessidade da relação paciente-equipe de saúde na obtenção de autonomia da doença e adesão ao tratamento, além de ressaltar possíveis falhas no planejamento familiar do indivíduo em idade fértil com diabetes mellitus.
Metodologia: O relato foi obtido através da revisão de um caso Diabetes Mellitus (DM) diagnosticada em paciente em idade fértil, com má adesão terapêutica que evoluiu para gestação com acrania fetal. Foram revisadas as oportunidades de intervenção que deveriam ser aproveitadas para mitigar as chances de complicações na gestação em pacientes portadoras de DM.
Resultados: Houve acompanhamento longitudinal da paciente em questão desde o nascimento, com diversos atendimentos à demanda espontânea, compreendendo tentativas de autoextermínio, sintomas ansiosos e sinais de resistência insulínica, todos os quadros com dificuldade em adesão à propedêutica instituída. Percebeu-se que o planejamento familiar foi abordado por livre demanda pela paciente em dois encontros que antecederam o diagnóstico de DM. Diante do diagnóstico de Diabetes estabelecido, o tratamento e abordagem multidisciplinar foram iniciados, porém com manutenção da baixa adesão da paciente a retornos programados, resultando no mau controle e evolução da doença. Além disso, não foi reabordado pela equipe multidisciplinar o tema planejamento familiar, não obstante um vínculo médico-paciente não consolidado. Houve então o diagnóstico de gravidez e novos esforços instituídos para o controle da doença, todavia, detectou-se acrania fetal ao final do primeiro trimestre. Dessa forma, diante o desfecho gravidez na pessoa portadora de DM, elencou-se momentos de possível intervenção de planejamento familiar que poderiam culminar na diminuição dos risco e em melhores desfechos.
Conclusões: Esta experiência reafirma o poder das ferramentas da APS no manejo de quadros crônicos complicados como é a Diabetes na Gestação, além de fortalecer a suma importância do planejamento familiar em pessoas diabéticas.