Introdução: O termo raça se origina de uma construção social, porém baseado em proximidades biológicas, arbitrariamente determinadas por conjuntos de caracteres físicos hereditários. Já a etnia, é definida como um grupo pertencente a uma comunidade humana que se estabelece por afinidades linguísticas e culturais, além das semelhanças genéticas. Deste modo, associado ao intenso processo de miscigenação do povo brasileiro é possível começar a entender a diversidade encontrada no território nacional. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população negra é maioria no Brasil. Entendo a dermatologia como o campo que estuda a pele e seus anexos e a Atenção Primária à Saúde (APS) como a principal porta de entrada do usuário ao Sistema Único de Saúde (SUS), é esperado que a maior demanda de pacientes com queixas relacionadas a peles aconteça na APS - e que a maior parte sejam de pessoas negras. Objetivo: Evidenciar a lacuna na produção científica bem como o ensino médico pertinente às questões dermatológicas em peles negras. Metodologia: Revisão narrativa com busca e análise crítica da literatura, utilizando artigos avulsos e da biblioteca virtual da CAPES, por meio dos descritores: “pele negra”; “dermatologia” e “APS”, admitindo artigos publicados em diferentes datas nos idiomas português e inglês. Desenvolvimento: A demanda de pacientes que buscam atendimento médico devido a queixas cutâneas apresenta-se de 15 a 30%. Foi descrito que 4 a 6% destes pacientes são referenciados a um especialista focal. Contudo, os estudos de ecologia dos Sistemas de Saúde, apontam que cerca de 85% dos problemas em saúde podem ser resolvidos sem a necessidade de outros níveis de atenção. Fisiologicamente, a pele negra apresenta algumas diferenças quando comparadas a peles claras, como a maior quantidade de melanina, alterações a nível de colágeno, além de ??maior vulnerabilidade do estrato córneo. Ainda que recorrente, é inegável a dificuldade em abordar afecções dermatológicas. Grande parte dos médicos da APS não consideram-se capacitados para o manejo de queixas cutâneas, o que pode ser resultado de um ensino insuficiente durante a formação médica e residência. Conclusão: Queixas dermatológicas constituem uma realidade na prática médica, contudo há um sistemático despreparo para lidar com estas queixas quando consideradas pessoas negras. Tal fato é evidenciado pela escassez de estudos relacionando dermatoses em pele negra, merecendo maior estímulo para produções científicas, considerando que a apresentação de lesões dermatológicas podem se diferenciar de acordo com a pele em que habita.