INTRODUÇÃO: O Médicos Pelo Brasil (PMpB) é um programa de provimento médico federal para municípios caracterizados com dificuldade de provimento e alta vulnerabilidade.Dentre eles estão as comunidades quilombolas, que são grupos étnicos constituídos por população eminentemente negra, autodefinidas pela relação cultural e territorial.Apesar da sua importância histórica, essas comunidades encontram-se em situação de vulnerabilidade em saúde.
OBJETIVOS: Relatar as vivências como bolsista do PMpB na comunidade rural quilombola de São João Marques (Chapada do Norte/MG).
RELATO DE EXPERIÊNCIA: A comunidade quilombola de São João Marques fica localizada na zona rural do município de Chapada do Norte/MG, no alto Vale do Jequitinhonha.Ela fica 40km distante da sede e o acesso a ela é feito através de estradas de terra.A UBS São João tem aproximadamente 1500 usuários adscritos e é composta por dezesseis profissionais.Diversos problemas como dificuldade de locomoção até a unidade, falta de medicamentos, estrutura precária do posto, atrapalham o acesso à saúde e prejudicam a qualidade da assistência prestada aos usuários. Diante disso, a fim de garantir o respeito aos princípios do SUS nos atendimentos e acesso à saúde dessa comunidade, foi necessário acolher as especificidades da sua população. Então, na prática clínica eram abordados os saberes populares utilizados para o alívio e cura (feitos com plantas e rezas), a influência do racismo nas condições de vida e saúde daquela população e as diferentes visões de mundo e práticas de saúde que influenciavam a forma de cuidado dos usuários.
DISCUSSÃO: Políticas públicas e programas federais de provimento médico, como o Médicos pelo Brasil, têm sido propostos e implementados com o objetivo de articular ações que reduzam a vulnerabilidade social em comunidades tradicionais, como as quilombolas. Apesar de terem sofrido historicamente iniquidades étnicas e sociais, os quilombolas ainda têm sido negligenciados nas políticas públicas de saúde. A importância do recorte étnico/racial na assistência e na atenção em saúde da população quilombola, permite que haja redução de riscos à saúde e melhorias na qualidade de vida dessas comunidades.
CONCLUSÃO: É preciso ampliar a discussão do direito e acesso à saúde de comunidades tradicionais. Os programas federais de provimento médico possibilitam uma melhor distribuição de médicos e a fixação de profissionais em áreas com populações historicamente desassistidas, como é o caso das populações quilombolas. Para que essas comunidades tenham garantidos o direito e o acesso à saúde por meio do SUS,é fundamental incluir e acolher as peculiaridades e especificidades da saúde dessas populações.