Introdução: A definição de saúde como ausência de doença é fortemente passível de contestação. Faz-se necessário um olhar mais amplo sobre a pessoa, compreendendo-a como um ser integral. Sendo assim, focar o cuidado somente na resolução de afecções orgânicas é insuficiente. É necessário investir em ações que perpassam os valores culturais e o contexto em que o indivíduo está inserido. Objetivo: Relatar a integração de alunas do curso de medicina com a comunidade quilombola por meio da realização de uma atividade sobre a valorização da cultura negra e participação em atividades no quilombo. Descrição da experiência: O contato com a comunidade quilombola do município de Santa Luzia, Minas Gerais, surgiu da realização de um projeto de intervenção municipal ao longo do internato de Medicina de Família e Comunidade que abordava a temática de equidades. Uma representante da comunidade em questão oportunizou a participação de acadêmicas de medicina em dois eventos sobre a Consciência Negra. A ação proposta vislumbrou a vivência da ensinagem. A atividade realizada consistiu em uma dinâmica com crianças e adolescentes, que deviam, por meio de perguntas, acertar quem era a personalidade negra cujo nome estava escrito em um papel. Após a revelação da personalidade, falava-se um pouco sobre sua história e contribuição para a formação de diversos aspectos da nossa cultura, de modo a refletir sobre locais importantes que pessoas negras ocupam e sobre como tais lugares também podem ser ocupados por aquelas crianças e adolescentes também. Durante os dias de evento, houve também, participação em café com comidas típicas, bordado em toalha de mesa e rodas de conversa. Resultados: A presença e a realização de ações no quilombo se mostrou muito necessária. Pôde-se perceber um afastamento da população em relação aos dispositivos de saúde locais e uma grande necessidade de integração dos mesmos. Além disso, a atividade proposta evidenciou a importância da representatividade e seu caráter formador e consequente impacto na saúde, sobretudo em seu aspecto psicossocial. Conclusões: A inserção dos profissionais e acadêmicos da área da saúde na comunidade é fundamental para a formação de vínculo e para compreender as necessidades de saúde da população de cada território. Por isso, faz-se necessária a realização de um cuidado que ultrapasse o espaço físico dos dispositivos de saúde e que invista ações de cunho extensionista, para desenvolver uma assistência que aborde as competências culturais, a fim de vivenciar verdadeiramente o método clínico centrado na pessoa.