Introdução: A tuberculose é uma doença endêmica e estigmatizada no Brasil e, para seu tratamento, a construção de um vínculo adequado entre os profissionais de saúde e pacientes é essencial. Faz-se necessário analisar seu perfil epidemiológico de modo a criar e/ou atualizar as políticas vigentes, visando aplicar um método clínico centrado na pessoa dentro da Atenção Primária em Saúde.
Objetivo: Observar o perfil sociodemográfico e epidemiológico das pessoas diagnosticadas com tuberculose pulmonar no Estado de Minas Gerais, de 2018 a 2023.
Metodologia: Trata-se de um estudo observacional descritivo, utilizando dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, da plataforma DATASUS. Foram analisados os casos confirmados, de 2018 à 2023, relacionando-os com as variáveis: ano de diagnóstico, faixa etária, raça, sexo, escolaridade, pessoas privadas de liberdade (PPL), população em situação de rua (PSR), imigrantes e situação de encerramento.
Resultados: No período estudado foram diagnosticados 21.411 casos, sendo o maior número em 2023 (4.293), seguidos de 2022 (3.921), 2019 (3.476), 2018 (3.339) e 2020 (3.142). Houve uma predominância do sexo masculino (74,25%), de pessoas negras (67,56), da faixa etária 35 a 44 anos (20%) e predominando 5ª a 8ª série incompleta do Ensino Fundamental (12,58%, com 41,51% ignorados). A população imigrante compreende 0,43%, PSR, 6,14%, e PPL são 9,84%. Em relação ao desfecho dos casos, 56,61 % evoluíram com cura, 12,12% com abandono, 8,45% com transferência para outro serviço, 4,72% foram a óbito pela tuberculose, 4,46% óbito por outras causas e 11,06%, ignorados/branco.
Conclusões ou hipóteses: O maior número de casos de tuberculose foi observado em 2023, com um aumento de 9,4% em relação a 2022. Provavelmente, 2020 mostrou menor número de casos pela subnotificação durante a pandemia de COVID-19. Também foi visto que a doença acomete principalmente pessoas negras, homens, com idade de 34 a 44 anos e com escolaridade da 5ª a 8ª série incompleta do Ensino Fundamental. Além disso, as PPL e PSR ocupam um percentual significativo, mesmo com a possível subnotificação devido ao menor acesso à saúde. Torna-se necessária a inclusão de dados no DATASUS sobre a incidência da doença em pessoas transsexuais, visto a prevalência da enfermidade nesta população. Ademais, ainda existe um baixo percentual que evolui para a cura, necessitando melhor acompanhamento desses pacientes, visto que é uma doença que possui um tratamento efetivo.