Introdução: A Atenção Primária à Saúde (APS), eixo estruturante do Sistema Único de Saúde, inscreve-se como porta de entrada no sistema de saúde e é marcada pela proximidade com os usuários em seus territórios. Contudo, enfrenta desafios concernentes à legitimidade social, o que repercute no recrutamento de novos profissionais. Nesse cenário, a Medicina de Família e Comunidade (MFC), especialidade em ascensão, por ser orientada para a oferta de cuidado integral e longitudinal, inscreve-se como aliada no fortalecimento da APS. Consoante a isso, ligas acadêmicas de MFC figuram um oportuno espaço para acadêmicos se habilitarem para a atenção básica. Objetivos: Relatar a experiência de uma liga acadêmica de MFC e ressaltar a importância dessas atividades na educação médica voltada para a APS. Descrição da Experiência: Durante o período letivo de 2023, uma liga acadêmica de MFC, com o apoio de médicos e médicas de família e comunidade, bem como de residentes do programa de MFC da universidade à qual se insere, executou atividades com o intuito de capacitar os estudantes de medicina para o cuidado na APS. A lista dessas atividades incluiu uma oficina de curativos comumente realizados nas unidades básicas de saúde e em visitas domiciliares, uma oficina de uso de ultrassom point-of-care na MFC, mutirões de atendimentos supervisionados por uma médica de família e comunidade nos quais foram realizados procedimentos de inserção de DIU, exames citopatológicos de colo de útero e de fundoscopia, bem como atendimentos ambulatoriais. Além disso, a liga promoveu simulações teórico-práticas de consultas utilizando o método clínico centrado na pessoa e ofertou aulas teóricas ministradas por profissionais capacitados que abordaram temáticas prevalentes na APS. Resultados: Ao longo do período relatado houve uma alta adesão dos ligantes às atividades desempenhadas, bem como avaliação positiva reportada à diretoria da Liga tanto pelos alunos quanto pelos profissionais envolvidos. Além disso, após o início do desenvolvimento destas atividades, houve um aumento considerável de novos alunos associados e da visibilidade do grupo dentro da universidade. Conclusões: Observa-se que a proximidade de acadêmicos à realidade da APS por meio da promoção de ambientes educativos orientados pela especialidade da MFC incentiva e capacita os estudantes a se tornarem profissionais empenhados e preparados para a atenção básica. Iniciativas como essa, portanto, oferecem uma possibilidade de superação de dificuldades estruturais associadas à assistência em saúde e devem ser estimuladas.