Introdução: Desde o período de crise da Educação Física nos anos 90, diversos paradigmas foram repensados e modificados e houve consideráveis avanços teórico-metodológicos. Entretanto, os antigos problemas relativos à esportivização do currículo da EFE e sua carência por sistematização de conteúdos permanecem (BRACHT, 2000; 2000/2001; IMPOLCETTO ET AL., 2007; ROSÁRIO; DARIDO, 2005; VAGO, 1996). Destacando-se no cenário nacional, desde 1989 Pernambuco tem produzido relevantes propostas curriculares para a Educação Física no Ensino Fundamental e Médio (TENÓRIO et al., 2015). E vale destacar que, em caráter mais amplo, temos hoje a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018). Entre este “como era” e as propostas curriculares que recomendam o “como deveria ser” da EFE, encontra-se o “como é” da Educação Física atual, cenário não descrito em estudos atuais sobre a realidade local. Desta forma, este estudo, tem o objetivo de analisar as experiências prévias em Educação Física escolar dos alunos do primeiro semestre do curso de Licenciatura em Educação Física da UFRPE, identificando os perfis desses alunos quanto as escolas das quais são egressos para conhecer as metodologias que eram utilizadas pelos professores de Educação Física desses alunos. Procedimentos metodológicos: Trata-se de pesquisa descritiva de abordagem qualitativa que utilizou-se de entrevistas semiestruturadas com 17 estudantes do primeiro semestre do curso de Licenciatura em Educação Física da UFRPE. As respostas destas entrevistas foram submetidas à Análise de Conteúdo (BARDIN, 1988). Resultados e discussões: Dos 40 alunos ingressantes no citado curso, 42,5% foram entrevistados. Destes, 41,2 % eram do sexo feminino e a faixa etária variou de 17 a 40 anos de idade, sendo 64,7% entre 18 a 21 anos. Todos os alunos possuíam a educação física como componente curricular obrigatório nas escolas onde estudaram e os relatos sobre as aulas mostram uma predominância do esporte, especialmente as modalidades futebol, futsal, voleibol e handebol, em relação aos outros temas. Ginástica e a dança foram citadas apenas por duas alunas, contrariando o entendimento de que a EFE “trata da cultura corporal e que tem como meta introduzir e integrar o aluno nessa esfera, para propiciar a formação de um cidadão autônomo. Neste contexto o aluno estará sendo capacitado para usufruir de jogos, esporte, danças, lutas, ginásticas” (FREIRE; SCAGLIA, 2003). Conclusões: Apesar dos avanços em termos teórico-metodológicos na área da EFE, a prática pedagógica relatada por estudantes recém egressos da educação básica mostrou que o modelo de EFE do passado ainda vigora no presente, mantendo a hegemonia do esporte como conteúdo em detrimento e negação de outros componentes da cultura corporal. Isto mantém em voga uma demanda da formação inicial para que se reflita sobre quais soluções respondem aos desafios de ontem/hoje, buscando uma real superação de práticas acríticas.
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Daniely Gomes Vieira de Souza
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