Resumo
Este estudo consiste em proporcionar reflexões sobre a Cultura Popular e Educação Popular como instrumento em prol da cidadania. A Educação Popular pode ser definida como uma teoria de conhecimento que está relacionada à realidade, por meio de metodologias incentivadoras à participação e ao empoderamento da população, permeado por uma base política estimuladora de transformações Sociais. Já a Cultura Popular é caraterizada por manifestações dos elementos culturais de um povo, de uma sociedade, por meio da música, literatura, dança, gastronomia, arte dentre outras. Neste cenário, surge a seguinte problemática: Qual a contribuição da Cultura popular e da Educação Popular para a defesa da cidadania?. Tratou-se de uma pesquisa bibliográfica fundamentada em Paulo Freire(1979), Brandão (2002) e Santos (1996). Constatou-se que a união da Cultura Popular e da Educação Popular, propiciam a efetivação da cidadania de diversas pessoas que por muito tempo, ficaram a margem da sociedade.
Palavras-Chave: Cultura Popular, Educação Popular, Cidadania.
Introdução
Santos (1996) aborda que o debate sobre a cultura pode nos auxiliar a refletir sobre a nossa realidade social. A qual é marcada por inúmeras desigualdades sociais iniciadas no período colonial, materializadas, entre outros fatos, na escravidão africana, e mantidas, no contexto atual, sob a forma de exclusão e discriminação a uma parcela considerável da população.
Realidade esta, que é muito importante para a Educação Popular, que surge com o educador brasileiro Paulo Freire e se faz presente na sociedade. Sendo utilizada como instrumento para a reprodução do saber-fazer em camadas sociais, tida como populares e construindo uma relação, em que todos se educam, sustentada no princípio de que todos são capazes de aprender e de ensinar. Assim sendo, ampliam-se os espaços de construção de conhecimento válido para além das instituições escolares e aprende-se ao longo da vida, nas sociabilidades, nas interações que se estabelecem o outro, com o mundo, na vida e no mundo do trabalho.
A educação proposta consiste em uma metodologia participativa, progressista, libertadora, como diz Freire (1979, p.28): “o homem deve ser o sujeito da sua própria educação. Não pode ser objeto dela. Por isso, ninguém educa ninguém”.
Nesse sentido, o objetivo deste estudo consiste em proporcionar reflexões sobre a Cultura Popular e Educação Popular como instrumento em prol da cidadania. A pesquisa se justifica pela análise que poderá fornecer na atualidade, na medida em que cada pessoa inserida nos seus espaços sociais, manifestam o aprendizado dos costumes e valores da sociedade, bem como a formação da sua própria subjetividade. Desse modo, a inserção social justifica a realização do estudo.
Neste contexto, surge a seguinte problemática: Qual a contribuição da Cultura popular e da Educação Popular para a defesa da cidadania?
Desenvolvimento
Como procedimentos metodológicos, foi utilizada uma revisão sistemática, com estudo bibliográfico de caráter transversal, descritivo e qualitativo, tendo como embasamento teórico os estudos de autores como Paulo Freire(1979), Brandão (2002) e Santos (1996). Este trabalho é um resultado parcial do projeto de Iniciação Científica–ICV?UNIMONTES: Cultura e Educação: sob um olhar do Serviço Social.
Considerando-se o envolvimento e os processos educativos que são estabelecidos, o estudo indicou elementos relativos à dimensão da influência e direção simbólica. Uma vez que, “dialeticamente estão ligadas as duas reflexões: o papel da cultura popular como instrumento de transformação de estrutura, e a transformação de estrutura como instrumento que propicia condições à elaboração de uma cultura autêntica e livre.” (BRANDÃO, 2002, p.61).
Nesse sentido, sem subestimar o papel da educação, mas também sem deixar de destacar sua enorme relevância, Paulo Freire (1979) sintetiza a sua visão sobre a relação dialética entre educação e cidadania: “A educação não é a chave para transformação, mas é indispensável. A educação sozinha não faz, mas sem ela também não é feita a cidadania” (FREIRE, 1979, p.74).
A educação popular proporciona a promoção da cidadania, emancipação humana, uma cultura democrática, solidária e norteia-se pela liberdade, para além da liberdade da ideologia liberal/neoliberal. Ela se apresenta como construção coletiva de resistência, de enfrentamento às imposições das políticas educativas oficiais e como negação da negação ao direito à educação, uma vez que se transforma em mecanismo fundamental de exercício e de busca dos direitos.
Desse modo, para Freire (1979) os elementos elementos práxis, diálogo, conscientização, conhecimento popular, círculo de cultura e outros que constituem a educação popular tem muito a ensinar aos profissionais de diversas áreas,principalmente os da educação, sobretudo pelo seu comprometimento com a libertação da classe trabalhadora, repeito ás diferenças e exercício em defesa da cidadania. Portanto, a conquista da cidadania pelo povo se torna um desafio.
Uma das formas para a efetivação da cidadania é por meio de uma educação que promova um comprometimento entre os cidadãos na participação do exercício do poder, esta se baseia numa participação com autonomia e informação, visto que descaracteriza o poder de manipulação na participação livre da pessoa humana que tem a capacidade de transformar. “Somente um ser que é capaz de sair de seu contexto, capaz de admirá-lo para, objetivando-o, transformá-lo e, transformando-a, saber-se transformando pela sua própria criação” (FREIRE,1979, p.17).
A partir desta proposta libertadora de Paulo Freire, essa formação para cidadania deve ser orientada para uma educação de valores e saberes, que se dá entre educador e educando, que tem como objetivo principal a transformação social.
Considerações Finais
Os resultados parciais deste estudo, apontam que a união da Cultura Popular e da Educação Popular, propiciam a efetivação da cidade de diversas pessoas que por muito tempo, ficaram a margem da sociedade. Uma vez que, observa-se a contribuição da cultura popular para a metologia de Educação Popular que Paulo Freire criou e defende, possibilitando a defesa cidadania, já que este método de ensino possibilita a reflexão “na” realidade e não “sobre” a realidade.
Assim sendo, ampliam-se os espaços de construção de conhecimento válido para além das instituições escolares e aprende-se ao longo da vida, nas sociabilidades, nas interações que se estabelecem o outro, com o mundo, na vida e no mundo do trabalho.
Referências
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A Educação Como Cultura. 2.ed. São Paulo: Brasiliense, 2002.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. 12ª Edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
SANTOS, José Luiz. O que é Cultura. 14 ed. São Paulo: Brasiliense, 1996.
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