Uma pesquisa realizada durante a graduação em Letras Português constatou, por meio de entrevistas e questionários, que muitos alunos adentram a universidade com dificuldades de leitura e escrita de gêneros do domínio acadêmico, como resenha, resumo, artigo, ensaio, entre outros. Essa dificuldade demanda da universidade a adoção de medidas sistematizadas de ensino que ensejem desenvolver nos discentes habilidades capazes de promover a proficiência no manejo com textos que comumente circulam na universidade para a divulgação da ciência. Como sabemos, um fator de inclusão do aluno no ensino superior é o conhecimento – leitor e escritor – de textos acadêmicos, pois deles dependem o acompanhamento das aulas e a divulgação dos conhecimentos obtidos nelas. É dessa forma, resumidamente, que se promove o letramento acadêmico, com vistas a inserir o indivíduo em um espaço de absorção, produção e divulgação do conhecimento – o qual se realiza, majoritariamente, por meio dos textos. Com relação à chegada de alunos no ensino superior sem conhecimentos necessários para lidar com textos dessa natureza, levantamos a hipótese, inicialmente, de que a educação básica não contemplava esses gêneros textuais, porém verificamos, em uma pesquisa posterior, que os documentos parametrizadores do ensino de Língua Portuguesa – como os PCN e a BNCC – não só preconizam o ensino desses textos, como também alguns materiais didáticos trazem-nos com riqueza de explicações e exercícios. Dada a continuidade desse problema, esta pesquisa buscou a opinião de professores de Língua Portuguesa da cidade de Montes Claros para entender se são trabalhados e como são abordados os gêneros científicos na educação básica, especialmente aqueles mencionados pelos PCN e pela BNCC, como resumo, resenha, verbete, relatório, esquema, infográfico e artigo científico. Para a realização da pesquisa, foi aplicado um questionário a professores que lecionam Língua Portuguesa na educação básica, especialmente no ensino fundamental II, com perguntas relacionadas à presença e ao modo como são ensinados os gêneros científicos nas aulas. As análises foram ancoradas nas discussões teóricas de Mercuri (1992), Carelli e Santos (1998), Serpa e Santos (2001), Kleiman (2001), Matencio (2002) e Carvalho (2013). Esta pesquisa, que constatou, a partir da visão de professores, um trabalho ainda incipiente dos gêneros de divulgação científica no ensino fundamental, é importante para pensar o ensino de Língua Portuguesa, a promoção do(s) letramento(s) e a própria postura da universidade ao receber alunos com dificuldades em leitura e escrita de textos científicos.
Comissão Organizadora
CLÁUDIA APARECIDA FERREIRA MACHADO
Andrey Guilherme Mendes de Souza
Fátima Rita santana Aguiar
Comissão Científica