JOGOS DE LEITURA: POSSIBILIDADES PARA PROMOÇÃO DO ENGAJAMENTO NA LEITURA
Profa. Kelly Rose Flávio Veloso Santos; Mestranda, e-mail: kellyrose.fv@oi.com.br.
Profa. Dra. Fábia Magali Santos Vieira; Profa. da Unimontes; e-mail: fabiamsv@gmail.com.
Resumo: A presente pesquisa está sendo realizada no Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Letras – Profletras, da Unimontes e partiu da percepção do desinteresse, desmotivação e dificuldades dos alunos nas aulas de língua portuguesa, principalmente em relação à leitura e seu reflexo nas atividades e avaliações internas e externas do SIMAVE (Sistema Mineiro de Avaliação da Educação Pública), propondo uma discussão sobre novas estratégias de ensino e aprendizagem que promovessem o engajamento dos alunos no processo de leitura. A pesquisa foi realizada numa turma de 9º ano do ensino fundamental II de uma Escola Estadual de Claro dos Poções, MG e teve como fundamento os estudos de Solé (1998), Kleiman (1998), Leffa (1996), entre outros. O trabalho se baseou na aplicação de diagnóstico, planejamento e aplicação de atividades interventivas e análise dos resultados obtidos com o intuito de amenizar os problemas identificados, refletir sobre a prática pedagógica e contribuir no ensino da língua portuguesa.
Palavras-chave: Leitura. Engajamento. Jogo.
Introdução
Observando a dificuldade dos alunos na compreensão dos diferentes textos que circulam os diversos meios, bem como o seu contexto de produção, pensou-se na realização de uma pesquisa que analisasse o engajamento dos alunos no processo de leitura e propusesse novas estratégias de ensino que promovessem o engajamento destes na leitura. O trabalho foi desenvolvido numa turma de 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Amâncio Juvêncio da Fonseca do município de Claro dos Poções. Os participantes apresentam idade média de 14 anos e são atualizados tecnologicamente, o que facilitou o desenvolvimento de algumas atividades. O trabalho propôs um olhar reflexivo da Língua e sua aplicabilidade nos diversos meios comunicativos e sociais de modo que o aluno desenvolvesse a proficiência leitora e fosse capaz de compreender o mundo que o cerca, desenvolvendo o gosto e engajamento na leitura.
Problema
Com base nas observações e nos dados das avaliações internas e externas do SIMAVE (Sistema Mineiro de Avaliação da Educação Pública) da turma do 9º ano, no que se refere ao interesse e envolvimento dos alunos nas atividades de leitura, percebemos a necessidade de analisar as contribuições de um trabalho diversificado com estratégias de leitura na promoção do engajamento dos alunos do 9º ano do ensino fundamental, de modo a apresentar resposta a seguinte pergunta: Como promover o engajamento dos alunos participantes da pesquisa no processo de leitura?
Objetivos
O trabalho teve como objetivo geral discutir estratégias para promover o engajamento do leitor no processo de leitura numa turma do 9º ano do Ensino Fundamental II de uma escola pública. Como objetivos específicos, pretende-se: Identificar os níveis de leitura dos alunos selecionados; Analisar as estratégias de ensino aprendizagem que promovam o engajamento dos alunos no processo de leitura; Planejar, desenvolver e avaliar estratégias de leitura que promovam o engajamento dos alunos na leitura.
Metodologia
No desenvolvimento da pesquisa, fez-se necessário um amparo teórico condizente com o caráter científico de uma pesquisa e que apresentasse os caminhos à investigação. A abordagem adotada foi qualitativa com base na proposta de Gerhardt e Silveira (2009). Também segundo Gerhardt e Silveira (2009), a pesquisa se definiu, de acordo com sua natureza, como aplicada. E segundo Gil (2002), de acordo com seu objetivo, a pesquisa se definiu como explicativa; em relação aos procedimentos, foram adotados no trabalho a pesquisa bibliográfica, de levantamento e participante; e o método, a pesquisa-ação. Assim, numa análise e reflexão sobre a própria prática, o pesquisador atua como um observador-participante e pesquisador e pesquisado se envolvem no processo da pesquisa (GIL, 2002). A coleta de dados envolveu a observação dos participantes e da realidade em que se inserem, a aplicação de questionário e de atividades práticas necessárias desde o diagnóstico, desenvolvimento e finalização das ações propostas. Os dados coletados proporcionaram a análise e compreensão do problema detectado e a proposta de um plano de intervenção real e condizente com a realidade dos participantes da pesquisa.
Referências teóricas
Reconhecendo a fundamentação teórica como a base para todo processo de compreensão da realidade, salientamos que na reflexão sobre a abordagem da leitura na sala de aula, o enfoque dado pela escola e pelo próprio professor, nos referimos ao proposto por Kleiman (2002) e Zilberman (1988) ao afirmarem que o problema começa na forma como a leitura é compreendida na escola e pela escola e que se trata de uma prática limitada. Nesse sentido, Freire (1996) destaca que o ensino deve ser melhor compreendido, na medida que “não há docência sem discência (...)”. (FREIRE, 1996) No aprofundamento dos conhecimentos sobre a concepção e compreensão da leitura, Leffa (1996) e Cosson (2010) se dialogam ao considerarem que texto e leitor se igualam em importância na medida em que estes se inter-relacionam. Nesse sentido, para Leffa (1996), Solé (1998) e Kleiman (2002) a aprendizagem da leitura se processa na relação interativa, mas é imprescindível a definição dos objetivos e o delineamento de um plano de estratégias.
Resultados
As atividades de intervenção foram desenvolvidas em módulos e buscaram priorizar o engajamento dos alunos na leitura. Para tanto, a proposta reunia elementos que aproximavam o aluno do texto, do professor, da aula. Nesse sentido, produzimos atividades dinâmicas e práticas, atividades gamificadas. Portanto, estas reuniram o estímulo, o desafio, a competição, a interação, a cooperação, o compartilhamento de ideias e informações e a produção. Todos os alunos se engajaram nas atividades espontaneamente, e o mais importante é que os alunos menos participativos e desinteressados se uniram e se empenharam para concluir todas atividades. Os alunos sentiram prazer e motivação na execução das atividades. Constatamos uma evolução considerável na postura e engajamento dos alunos em relação à leitura.
Considerações finais
O trabalho iniciou com um olhar crítico sobre a leitura. Constatamos, nesse sentido, que uma prática diferenciada deve partir primeiramente do conhecimento do seu objeto, o que é leitura, por que e para que ensiná-la. Entretanto, reconhecemos que o processo de leitura não é tão simples e envolve alguns procedimentos necessários à construção dos sentidos como a definição de seus objetivos, a identificação dos seus níveis, o processo de interação entre o leitor e o texto e a definição de estratégias. Evidenciamos que todo o processo de aprendizagem da leitura, mesmo que aparentemente complexo, pode ser entendido como prática divertida e estimulante, capaz de engajar os alunos na leitura, cabendo ao professor a tarefa de intervir como mediador da construção dos sentidos e formador de um leitor ativo. Esperamos que a proposta de intervenção desenvolvida e aqui explicitada seja compreendida como uma alternativa plausível e exequível que pretendeu valorizar o trabalho do profissional de educação e proporcionar o engajamento dos alunos na leitura e a formação de um leitor proficiente, apto a ler e compreender a si próprio e o mundo ao seu redor.
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo. Ed. Atlas S.A, 2002.
KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura: Teoria e Prática. 9. ed. Campinas, SP. Ed. Pontes, 2002.
SOLE, I. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artes médicas. 1988.
Comissão Organizadora
CLÁUDIA APARECIDA FERREIRA MACHADO
Andrey Guilherme Mendes de Souza
Fátima Rita santana Aguiar
Comissão Científica