ENSINO DE MATEMÁTICA: UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR APLICADA NO CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA INTEGRADO AO ENSINO MÉDIO
Prof. Esp. Romário Santos Madureira
Mestrando do Progama de Pós Graduação em Educação (PPGE – Unimontes)
romario.madureira@ifnmg.edu.br
Prof. Dr. Josué Antunes de Macêdo
Prof. do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) e
Programa de Pós Graduação em Educação (PPGE - Unimontes)
josueama@gmail.com
Prof. Dr. Edson Crisostomo
Prof. da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes)
edsoncrisostomo@yahoo.es
Resumo
A presente pesquisa tem como objetivo elaborar uma metodologia de ensino de matemática para os alunos do Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio do IFNMG Campus Januária. Devido aos constantes resultados insatisfatórios apresentados pela educação brasileira, e alto índice de reprovações na disciplina de matemática no IFNMG Campus Januária, essa pesquisa torna-se relevante ao propor uma metodologia baseada na interdisciplinaridade entre as disciplinas técnicas do referido curso e a matemática.
Palavras-chave: Ensino. Matemática. Interdisciplinaridade.
Introdução
Muitas vezes, a falta de abstração impede o aluno de visualizar a especificidade de cada conteúdo proposto pela matemática, dificultando a transposição daquele conteúdo para a atualidade. Caso algo não motive, o aluno não se empenha em descobrir, conhecer e aprender. Para D’Ambrosio (2010), os alunos anseiam por uma matemática que considere suas percepções e necessidades imediatas.
Essa realidade está presente no Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) Campus Januária, sendo perceptível pelo quantitativo de reprovações na disciplina e/ou evasões no Curso Técnico em Agropecuária, chegando a 34%, segundo o setor pedagógico do Departamento de Ensino Técnico do Campus Januária. No primeiro ano do ensino médio, o aluno trás consigo uma base matemática deficiente, essas lacunas existentes dificultam o aprendizado de conteúdos matemáticos futuros. Além disso, a matemática é dedutiva, ou seja, ela não se transfere para o aluno, o professor o ajuda a descobri-la por meio de procedimentos e ferramentas como se chegar até ela. Sánchez Huete e Fernández Bravo (2006) enfatizam que a matemática surge do pensamento humano, “não se aprende matemática, faz-se” (SÁNCHEZ HUETE, 1998, p.143).
O aluno do Curso Técnico em Agropecuária sente dificuldades em visualizar os conteúdos matemáticos teóricos ensinados no interior da sala de aula e aplicá-los quando necessários em aulas práticas do referido curso. Segundo Knijnik e Giongo (2009), alguns alunos do Curso Técnico em Agropecuária enxergam duas matemáticas distintas, a disciplina Matemática com fórmulas e variáveis, e a matemática utilizada nas disciplinas técnicas. Se o professor não for capaz de fazer a mediação entre teoria e prática na perspectiva do aluno, a teoria será apenas uma concha vazia de símbolos sem significados (ADLER, 1970).
Justificativa
Os recentes dados divulgados em 2019 pelo movimento Todos pela Educação apontam um decréscimo do conhecimento matemático no período de 2007-2017 no Brasil. De acordo com o relatório divulgado, em 2007 apenas 9,8% dos alunos matriculados no último ano de ensino médio apresentavam conhecimento adequado em matemática; em 2017 esse conhecimento adequado regrediu para 9,1%. Considerando as escolas públicas, em 2017, dos alunos matriculados no último ano do ensino médio, apenas 4% aprenderam o que se esperava nessa série, ou seja, 96% dos alunos formaram com déficit em matemática no Brasil. (TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2019).
Objetivos
Espera-se com essa pesquisa, modelar sequências didáticas interdisciplinares com os conteúdos de matemática utilizados nas disciplinas técnicas do Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio do IFNMG Campus Januária, bem como aplicar e verificar a relevância para ensino do componente curricular ministrado.
Referencial Teórico
O Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio ofertado pelo IFNMG campus Januária, trás na estrutura do seu nome uma ideia de trabalhar os componentes curriculares de formar integral, ou seja, deveria ocorrer de maneira que possibilitasse ao aluno entender e interligar todas as relações existentes no processo de ensino (FRIGOTTO, 2005; CIAVATTA, 2008).
Segundo Ciavatta (2008), o ensino integrado deveria possibilitar uma formação integral sólida, formando o jovem para atuar como agente crítico na sociedade a qual está inserido, porém, para que essa realidade ocorra, será necessário reorganizar conceitos e métodos. Para um ensino integrado, é imprescindível que haja entre os professores uma comunicação a fim de possibilitar uma harmonia entre as disciplinas, em algumas ocasiões essa falta de coerência em falar do mesmo assunto abordado em disciplinas distintas, faz com que o aluno não perceba a relação existente entre os conteúdos. Nesse contexto, salienta Ocampo (2016) que trabalhar de formar interdisciplinar favorece o estreitamento dos laços entre as disciplinas e também entre as pessoas, proporcionando uma relação harmoniosa entre seus pares.
Procedimentos Metodológicos
Com relação ao objetivo geral, dentre os tipos de pesquisas existentes, de acordo com Gil (2008) esta se classifica como descritiva. Segundo a classificação com base nos procedimentos técnicos utilizados, esta será uma pesquisa de levantamento de caso, levando-se em consideração que os dados serão obtidos por meio de atividades. As informações obtidas serão submetidas à análise quantitativa para obter conclusões correspondentes aos dados coletados. O levantamento de caso é indicado quando se pretender obter informações sobre uma determinada população e existe uma inviabilidade em fazer o censo, com isso escolhe uma amostra da população e através de métodos estatísticos as informações acerca da população serão obtidas (GIL, 2008).
Considerações
Essa pesquisa deverá propiciar uma nova metodologia de ensino, proporcionando aos alunos do Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio do IFNMG Campus Januária, aprendizado satisfatório em matemática para aplicações nas disciplinas técnicas do referido curso.
Referências
ADLER, Irving. Matemática e desenvolvimento mental. São Paulo: Cultrix, 1970.
CIAVATTA, Maria. A formação integrada: a escola e o trabalho como lugares de memória e de identidade. Trabalho Necessário, Núcleo de Estudos, Documentação e Dados sobre Trabalho e Educação - NEDDATE, da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense – UFF, 2008. Disponível em http://periodicos.uff.br/trabalhonecessario/article/view/6122/5087. Acesso em: 27 set. 2019.
D’ AMBROSIO, Ubiratan. Educação matemática: da teoria à prática. 21. ed. Campinas, SP: Papirus, 2010.
FAZENDA, I. Integração e Interdisciplinaridade no ensino brasileiro. 4. ed. São Paulo: Loyola, 1979.
FRIGOTTO, Gaudêncio (Org.); CIAVATTA, Maria (Org.). Ensino Médio Integrado: Concepções e Contradições. São Paulo: Cortez, 2005.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
https://www.todospelaeducacao.org.br/conteudo/meta-3-em-10-anos-aprendizado-adequado-ensino-medio-segue-estagnado-avancos-5-ano-fundamental. (Acesso em 10/09/2019).
KNIJNIK, Gelsa. GIONGO, Ieda Maria. Educação Matemática e currículo escolar: um estudo das matemáticas da escola estadual técnica agrícola de Guaporé. ZETETIKÉ – Cempem – FE – Unicamp – v. 17, n.32 – jul/dez – 2009.
OCAMPO, D. M.; SANTOS, M. E.; FOLMER, V. A interdisciplinaridade no ensino é possível? Prós e contras na perspectiva de professores de matemática. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/bolema/v30n56/1980-4415-bolema-30-56-1014.pdf> Acesso em: 25 de agosto de 2019.
SÁNCHEZ HUETE, Juan Carlos. FERNÁNDEZ BRAVO, José A. O ensino da matemática: fundamentos teóricos e bases psicopedagógicas. Tradução Ernani Rosa. 1ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2006.
Comissão Organizadora
CLÁUDIA APARECIDA FERREIRA MACHADO
Andrey Guilherme Mendes de Souza
Fátima Rita santana Aguiar
Comissão Científica