ANÁLISE DA ESCRITA: OMISSÃO DO “ R ” EM VERBO INFINITIVO
Laura Marya César de Freitas Silva;
Graduanda em Pedagogia; Bolsista do PIBID / Unimontes;
Cíntia Santos De Jesus Vilas Boas;
Graduanda em Pedagogia; Bolsista do PIBID / Unimontes;
Isabella Silveira Souza;
Graduanda em Pedagogia; Bolsista do PIBID / Unimontes;
Gisele Cunha Oliveira;
Profa. Supervisora do PIBID / Unimontes
Dra. Fábia Magali Santos Vieira;
Coordenadora do PIBID / Unimontes
A omissão do “R” em verbos infinitivos, infelizmente ainda é comum na escrita. Para Callou e Lopes (2003), no portugue?s do Brasil, o cancelamento do “R” em final de palavra e? feno?meno marcante e, inicialmente, associado a? estratificac?a?o social e racial. Esse pensamento foi respaldado com a informac?a?o de que “[...] nos autos de Gil Vicente (se?culo XVI), era apresentado como caracteri?stica da fala de escravos vindos da A?frica”. A dificuldade com os verbos infinitivos foi diagnosticada durante o desenvolvimento do Projeto Educacional de Intervenção (PEI) em 2019, do subprojeto de Pedagogia Alfabetização e (Multi) Letramento, do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/Unimontes, em parceria com o Núcleo de Tecnologias Digitais na Educação (Educar). O intuito do subprojeto é realizar estudos e intervenções pedagógicas na área de concentração “Linguagens e letramentos”. Os procedimentos técnicos utilizados foram: pesquisa bibliográfica, fundamentado nos estudos de Jessé da Silva Lima (2016) e Maria João da Conceição Lousada (2013). Levantamento de dados e análise comparativa dos dados. O trabalho de pesquisa é de natureza qualitativa. No processo de coleta de dados foi aplicada uma atividade diagnóstica, solicitando uma produção de texto, foi aplicada com intuito de identificar os erros mais recorrentes cometidos pelos alunos e para selecioná-los para participação no Projeto (PEI). A partir da análise das produções de texto, foram selecionados 12 alunos com idades entre 11 a 12 anos dos 6º e 7º anos do Ensino Fundamental. O lócus de pesquisa foi na escola pública E. E. Simeão Ribeiro dos Santos, uma das participantes e colaboradoras do subprojeto. As atividades de intervenção eram pensadas de acordo com as dificuldades que surgiam, sendo um exemplo de dificuldade a omissão do “R” em verbos no infinitivo. Após um período de aproximadamente oito meses os alunos realizaram a atividade final, para verificar se os objetivos propostos foram alcançados e se as dificuldades superadas. A atividade diagnóstica e a atividade final foram analisadas. Foram consideradas as produções de três alunos identificados como alunos A, B e C. A análise feita nas atividades foi considerando erros de 1ª, 2ª e 3ª ordem. Comparando as atividades, tivemos o resultado de que o estudante A diminuiu a quantidade de erros de 1ª e 2ª ordem. A omissão do ‘R’ por este estudante, em verbos infinitivos (erro de 2ª ordem) foi notada duas vezes na atividade inicial e já na atividade final ele não cometeu a omissão nenhuma vez. O aluno B apresentou resultados iguais nas atividades inicial e final, por mais que seus rendimentos foram similares, mostrou que se manteve com erros mínimos. A ocorrência de supressão do ‘R’ aconteceu apenas uma vez, foi notado que na atividade final houve um descuido, visto que a palavra escrita errada foi corrigida. A análise do educando C indica que há uma maior dificuldade em todas as ordens (1ª, 2ª e 3ª), no entanto foi possível perceber uma pequena progressão entre os erros de 1ª e 2ª ordens, curiosamente houve um aumento de erros de 3ª ordem. Dos erros de 2ª ordem desse estudante, a maioria não foi cometida pela omissão do ‘R’. Durante as atividades praticadas no PEI, foi percebido que a fala era o suporte para a escrita dos estudantes, como também fora notado por Netto e Rodrigues:
A hipótese para responder ao porquê da omissão do R nos textos de alunos da zona urbana está na escrita apoiada na fala, marcada pelo enfraquecimento do /R/ na variedade linguística do grupo pesquisado; (NETTO; RODRIGUES, 2015)
É importante ressaltar que, surgindo dúvidas nos alunos em relação à escrita de determinada palavra, eram instigados a pronunciar e repetir tal palavra oralmente, em alguns casos acabavam registrando da forma informal, da maneira que falam habitualmente. Nesses casos, a intervenção era realizada, levando o aluno a refletir sobre seu registro e as dúvidas que os mesmos tinham sobre a ortografia eram sanadas. Diante das análises da escrita dos alunos, é possível dizer que houve avanço, mas ainda é necessária maior melhoria. O desenvolvimento do PEI foi positivo para os resultados, apesar de poucos encontros.
Referências
CALLOU, Dinah; LOPES, Ce?lia. Contribuic?o?es da Sociolingui?stica para o ensino e a pesquisa: a questa?o da variac?a?o e mudanc?a linguística. Revista do Gelne – Grupo de Estudos Lingui?sticos do Nordeste. Ano 5, Nos. 1 e 2 – Fortaleza: UFC/GELNE, 2003.
LIMA, Jessé da Silva. Abordagem sociolinguística da apócope de /r/, /s/ e /n/ em contexto brasiliense-goiano. Monografia (Graduação em Letras Português – Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas). Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
LOUSADA, Maria João da Conceição. Erros ortográficos em provas de ditado: Um estudo com crianças com dificuldades de escrita. Orientador: Rui Manuel Nascimento Lima Ramos. 2013. Dissertação (Mestrado em Ciências da Fala e da Audição) - Universidade de Aveiro. Aveiro, Portugal, 2013. Disponível em:< https://ria.ua.pt/bitstream/10773/11999/1/Erros%20ortograficos%20em%20provas%20de%20ditado.pdf.>. Acesso em: 26 dez. 2019.
NETTO, Cutrim; RODRIGUES, Marcelino. O apagamento do R em final de verbos na escrita de alunos do sexto ano: desing pedagógico e roteiro para um objeto de aprendizagem. 2015. 189 f. Dissertação (Programa de Mestrado Profissional em Letras) - Universidade Estadual do Piauí, Teresina. Disponível em:<http://sistemas2.uespi.br:8080/handle/tede/80#preview-link2>. Acesso em: 29 dez. 2019.
Comissão Organizadora
CLÁUDIA APARECIDA FERREIRA MACHADO
Andrey Guilherme Mendes de Souza
Fátima Rita santana Aguiar
Comissão Científica