SEMENTES DA ESPERANÇA: HISTÓRIA DO EMPREENDEDORISMO EM EDUCAÇÃO DA VISÃO MUNDIAL NO NORTE DE MINAS (1998 – 2014).
Wellington Fernandes Silva
Aluno do Mestrado em Educação.
Universidade Estadual de Montes Claros.
well_moc@hotmail.com
Dr. José Normando Gonçalves Meira
Professor do Mestrado em Educação.
Universidade Estadual de Montes Claros.
meirajng@gmail.com
Resumo Este estudo analisará a história do empreendedorismo em educação da Visão Mundial[1], no Norte de Minas, de 1998 (início do programa) a 2014 (encerramento do programa), problematizando o nível de assimilação dos modelos participativos de planejamento e gestão escolares e ideias pedagógicas. Sua relevância pauta-se na proposição de analisar ações e políticas públicas. É uma pesquisa histórica interdisciplinar, envolvendo antropologia cultural, educação e empreendedorismo com base teórica em autores de diferentes perspectivas como Paulo Freire (1996), Fernando Dolabela (2003), Dermeval Saviani (2005) estabelecendo diálogo entre eles. Por se traatar de uma pesquisa histórica, na sua fase inicial, autores como Sandra Pesavento (2003) e Carla Pinsky (2008), servirão de base para a sua metodologia geral e, especificamente, para a interpretação das fontes. Serão buscadas fontes escritas, nas secretarias de educação, escolas, Visão Mundial e fontes orais com sujeitos que atuaram no período recortado.
Palavras-chave: Educação. História. Empreendedorismo. Visão Mundial.
Introdução
A pesquisa intitulada SEMENTES DA ESPERANÇA: História do Empreendedorismo em Educação da Visão Mundial no Norte de Minas de 1998 a 2014 insere-se no campo da História da Educação. Este estudo pretende entender como se procedeu a participação da Visão Mundial na história regional com seus programas institucionais de Educação, bem como os desdobramentos daquelas práticas e ideias pedagógicas. Em linhas gerais, pretende-se produzir um conhecimento que possibilite reflexões que subsidiem a construção de novas ações e de políticas públicas municipais. Buscar-se-ão respostas para perguntas tais como: - Quais os pressupostos teóricos e ideológicos de uma OSC cristã no processo de desenvolvimento educacional de uma cidade ou região? Qual a compreensão da OSC das fronteiras entre as suas atribuições e as atribuições do poder público? Como se deu essa relação no projeto em estudo? – Que aspectos culturais da região facilitaram ou dificultaram a assimilação do trabalho da Visão Mundial? Quais as “marcas” deixadas na gestão pública e nas pessoas beneficiárias do trabalho educacional da Visão Mundial? – Qual o uso possível das metodologias que a VM deixou como legado?
Justificativa
A problemática foi suscitada por ocasião da adoção da metodologia MASDHE[2] no programa Para Além das Prisões[3], em 2018, resultante de uma ação de multiparcerias[4]. A metodologia MASDHE, inicialmente denominada de EPES[5], foi desenvolvida pela Visão Mundial e inspirada na Pedagogia Empreendedora. Esta última, também, foi desenvolvida pela Visão Mundial entre os anos de 2000 e 2003 para uso na Educação Básica. Desenvolveu o Projeto Quasar visando melhorar a qualificação de professores e diretores escolares em vários temas. A relevância da pesquisa pauta-se no seu caráter propositivo de subsidiar a construção de políticas públicas, bem como dar visibilidade aos projetos desenvolvidos e possibilitar reflexões no âmbito e para o desenvolvimento social.
Objetivo Geral
Estudar os fatores que dificultaram ou facilitaram a assimilação dos modelos participativos de planejamento e gestão escolares e das ideias pedagógicas explicitadas no trabalho da Visão Mundial, no Norte de Minas de 1998 a 2014.
Objetivos Específicos: 1)Definir o conceito de cultura adotado neste estudo; 2) Conceituar capital social, problematizando a aplicação desses conceitos nos processos de desenvolvimento social; 3) Analisar os projetos e ações da Visão Mundial nos municípios do Norte de Minas, aspectos comuns e especificidades desses municípios; 4) Compreender as razões teóricas e históricas pelas quais o fator cultural pode ou não determinar a formação e o nível do capital social;
Fundamentação teórica
A análise desse escopo terá como base, autores, como: Dolabela (2003); Freire (1996); Saviani (2005), Pesavento (2003) e Pinsky (2008), dentre outros. Assim, o tema será abordado em diversidade de perspectivas e este trabalho pretende estabelecer um diálogo entre elas. O empreendedorismo na educação é reconhecido como um aspecto cultural que impacta fortemente a formação das novas gerações. Por essa razão, o ato de:
Educar quer dizer evoluir sem mudar as nossas raízes; pelo contrário, reconhecendo e ampliando as energias que dela emanam. É também despertar a rebeldia, a criatividade, a força da inovação para construir um mundo melhor. Mas é principalmente construir a capacidade de cooperar, de dirigir energias para a construção do coletivo. (DOLABELA, 2003, p. 31).
Mediante o acima exposto, entende-se que a educação realiza-se em todos os momentos, nos diversos espaços, por meio dos diversos papeis desenvolvidos pelo homem em suas interações sociais. Em Pedagogia do Oprimido, Freire (1996), propõe um modelo libertador de educação. É-se no exercício desse protagonismo que se constrói a autonomia, pois é, em meio à ação dialética, que ocorrem as transformações culturais.
Nesse sentido, Saviani (2011) afirma ainda que:
A compreensão da natureza de educação enquanto um trabalho não material, cujo produto não se separa do ato de produção, permite-nos situar a especificidade da educação como referida aos conhecimentos, ideias, conceitos, valores, atitudes, hábitos, símbolos sob o aspecto de elementos necessários à formação da humanidade em cada indivíduo singular (SAVIANI, 2011, p. 20).
É nessa perspectiva que se fundamentam as bases hipotéticas deste estudo.
Procedimentos metodológicos
A relevância de pesquisa histórica dessa natureza está no fato de possibilitar manter viva a memória educacional, incentivando a reflexão, não deixando de considerar o fato histórico como único e irreplicável. Este estudo pretende responder às indagações introdutórias deste documento. O trabalho com as fontes será guiado por autores como Carla Pinsky e outros agregados, no decorrer dos estudos. A pesquisa está em fase inicial e, basicamente, o relato histórico será pautado nos documentos da OSC Visão Mundial, em fontes escritas das secretarias de educação, escolas e fontes orais com sujeitos que atuaram no período recortado.
Considerações
Por se tratar de uma pesquisa em fase inicial, pode-se trazer apenas algumas informações que ampliam as questões levantadas para os passos seguintes, tanto no que se refere à sua fundamentação teórica, como também, no levantamento e análises das fontes para, assim, buscar as respostas para o cumprimento dos objetivos do trabalho. Pretende-se, nessa dinâmica, promover o diálogo na diversidade teórica dos autores escolhidos.
Referências
DOLABELA, Fernando. Pedagogia Empreendedora. São Paulo: Cultura, 2003.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
PESAVENTO, Sandra. História & História cultural. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
PINSKY, Carla. Fontes históricas. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2008.
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico-Crítica: Primeiras aproximações. 9. ed. Campinas: Autores Associados, 2005.
[1] A World Vision foi fundada pelo americano Robert Pierce na Coreia, na década de 1950. Posteriormente, ampliou seu trabalho para outros países (wvi.org, 2019). A World Vision, Visão Mundial ou simplesmente VM chegou ao Brasil em 1975 (visaomundial.org.br, 2019).
[2] Marco Sequencial de Desenvolvimento Humano e Empreendedor.
[3] Projeto de ressocialização de detentos do regime semiaberto, no município de Montes Clartos, através de uma Educação Empreendedora.
[4] Prefeitura Municipal, Ministério Público, Polícia Militar, Unimontes, Conselho da Comunidade Carcerária, dentre outros.
[5] Escola Popular de Empreendedorismo Solidário.
Comissão Organizadora
CLÁUDIA APARECIDA FERREIRA MACHADO
Andrey Guilherme Mendes de Souza
Fátima Rita santana Aguiar
Comissão Científica