ALTERAÇÕES NO PERFIL DE LICENCIANDOS DA UNIMONTES A PARTIR DA IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA DE SELEÇÃO UNIFICADA (SISU)

  • Autor
  • Mônica Maria Teixeira Amorim
  • Co-autores
  • Maria Jacy Maia Velloso , Sandy Gomes Pereira , Sandy Aparecida Barbosa Magalhães , Zelinda Crislayne de Souza
  • Resumo
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    Introdução, Problema e Justificativa:  O Sistema de Seleção Unificada (SISU) consiste em um sistema informatizado de acesso ao ensino superior que tem por objetivo selecionar os candidatos às vagas ofertadas pelas instituições de ensino superior (IES) públicas utilizando, como base do processo seletivo, a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Implantado em 2010 pelo Ministério da Educação (MEC), o SISU ganhou adesão pela Unimontes no processo seletivo 01/2016, que deixa de utilizar o vestibular tradicional. Questionamos que alterações essa adesão representa no perfil dos licenciandos. A atualidade e incipiências de pesquisas sobre o tema  justificam a importância do presente estudo.

    Objetivo da pesquisa: Analisar  o perfil dos acadêmicos dos cursos de licenciatura da Unimontes com a implementação do SISU de modo a averiguar as alterações que a adesão ao SISU apresenta no perfil dos licenciandos.

    Referencial teórico: O estudo apoiou-se, dentre outros, em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2018; 2019) sobre acesso à educação superior no Brasil, na pesquisa de de Santos (2013) que discute a questão da democratização do ensino e a implementação do SISU;  e no trabalho de Nogueira et al (2017) que versa sobre as promessas e limites do SISU.

    Procedimentos metodológicos: Trata-se de um estudo do tipo descritivo que combina dados quantitativos e qualitativos privilegiando, contudo, a abordagem qualitativa. A investigação contou com estudo bibliográfico e aplicação direta de questionários para acadêmicos, ingressantes (pelo SISU) e concluintes (que nao ingressaram pelo SISU), dos cursos de licenciatura do Centro de Ciências Humanas (CCH) da Unimontes, no ano de 2019. Foram aplicados ao todo 294 questionários sendo 182 para ingressantes e 112 para concluintes. Nos limites desse texto focalizamos as análises em parte dos dados de identificação presentes no questionário.

    Resultados da pesquisa: A análise dos dados revela que, após o SISU, não houve grande alteração no perfil dos licenciandos do CCH da Unimontes no que concerne ao local de origem. Nesse sentido a Unimontes continua sendo uma Universidade que atende a um público majoritariamente da cidade de Montes Claros e região. Os estudantes das licenciaturas, ingressantes pelo SISU,  seguem, em sua maioria, sendo oriundos da cidade de Montes Claros e das cidades do Norte de Minas Gerais. Estudantes de outros estados foram identificados, mas aparecem em percentual bem ínfimo, destacando-se, dentre outros, os estados de São Paulo, Bahia, Goiás e Pará. No tocante à residência, tanto ingressantes, quanto concluintes, constituem um pequeno percentual que não reside na cidade de Montes Claros.

    No que tange à idade, os dois grupos mantém-se, em sua maioria, entre 17 e 24 anos. Contudo, no  que diz respeito ao gênero, registra-se uma mudança com o SISU, com superioridade do número de mulheres em relação ao número de homens. Essa tendência de maior presença de mulheres no ensino superior brasileiro foi apontada pelo IBGE em documento intitulado “Estatísticas de Gênero: Indicadores sociais das Mulheres no Brasil” (2018). Os dados obtidos por meio dos questionários aplicados na Unimontes indicam que a maioria dos respondentes ingressantes são mulheres cis (118). Elas somam quase o dobro de homens cis ingressantes (60). Entre os concluintes, os homens cis são maioria (53 ao todo), as mulheres cis concluintes somam 49. No tocante a orientação sexual, os grupos pesquisados são marjoritariamente heterossexuais. Os grupos LGBTQI+ aparecem, todavia, em menor percentual.

    Com relação a raça/cor, também há uma mudança no perfil, já que registra-se um crescimento de pardos e pretos ingressantes, quando comparados ao número de concluintes.  Assim, a grande maioria dos sujeitos desta pesquisa se identificam como negros (pretos e pardos), mas o percentual de pretos, apesar do crescimento, segue inferior ao de brancos. Esses dados corroboram resultados do estudo divulgado em 2019 pelo IBGE e que trata de “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil”. O estudo aponta que o número de estudantes negros (pretos e pardos) no ensino superior da rede pública passou a ser 50,3% em 2018 ou seja, os negros hoje já são maioria nas universidades públicas do país. Segundo este mesmo estudo, a proporção de jovens de 18 a 24 anos pretos ou pardos, no ensino superior, passou de 50,5% em 2016, para 55,6% em 2018. Considera-se que esses dados estão associados à implementação de  políticas públicas de acesso da população negra à educação superior, que possibilitam a ampliação do ingresso. Mas a democratização do acesso carece de maiores investimentos, como sugere Santos (2013). Segundo a autora o acesso ao ensino superior pelo SISU continua mantendo o caráter meritocrático, apesar de o sistema ter permitido a democratização da concorrência para um número maior de candidatos oriundos do interior. Para Santos (2013), o país registrou nos últimos anos a implantação de políticas que objetivaram alcançar camadas mais populares, através da utilização de novas formas de acesso ao ensino superior, como é o caso do ENEM/SISU e do Programa Universidade para Todos (PROUNI), bem como da adoção das políticas afirmativas.  Nessa mesma direção, Nogueira e outros (2017) avaliam que o SISU promove maior inclusão social pela articulação com a Lei de Cotas.

    Em se tratando de dados socioeconômicos, a comparação entre ingressantes e concluintes permite observar que o perfil de renda se mantém, já que a maioria, tanto de ingressantes, quanto concluintes, declara renda familiar de um a três salários mínimos, informa que não trabalha e que são sustentados pela família.

    Conclusões: O exame dos dados obtidos, com atenção às alterações ocorridas no perfil dos licenciandos da Unimontes a partir da implementação do SISU, permite concluir que houve uma ampliação do número de mulheres e de estudantes negros na universidade. Nota-se que o perfil de renda se mantém, já que a maioria, tanto de ingressantes, quanto de concluintes, declara renda familiar de um a três salários mínimos. Mas os achados nos levam a indagar se cursos de maior prestigio social continuam substancialmente sendo acessados por estudantes que apresentam maior capital econômico e cultural, e se a presença de pretos e pardos nesses cursos teve aumento significativo na Unimontes.

    Referências

    IBGE. Estatísticas de Gênero: Indicadores sociais das Mulheres no Brasil. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/multidominio/genero/20163-estatisticas-de-genero-indicadores-sociais-das-mulheres-no-brasil.html?&t=o-que-eAcesso em 08/05/2019.

    IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde 2013: Estudos e Pesquisas – Informação Demográfica e Socioeconômica • n.38. Estatísticas de Gênero Indicadores sociais das mulheres no Brasil.(2018). Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2101681 Acesso em 08/05/2019.

    SANTOS, Janete dos. Acesso à educação superior: a utilização do ENEM/SISU na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Salvador: UFBA, 2013. 126 p. (Dissertação de Mestrado).

    NOGUEIRA, Cláudio Marques Martins et al.  Promessas e limites: O SISU e sua implementação na Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-46982017000100116#fn2 Acesso em 28/06/2019.

     

  • Palavras-chave
  • Ensino Superior; Perfil de licenciandos; SISU.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
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