RESUMO
A história é tida como um pensamento sobre seu tempo e não uma reminiscência desse. Assim, muitos pregam a imparcialidade do historiador, sobretudo, voltado aos docentes, difundindo a ideia de que o pesquisador deve abster-se de suas crenças e vivências para produzir sua escrita. Para tanto, analisamos como Marc Bloch em “A Apologia da História ou o ofício do historiador” e Keith Jenkins em “A História Repensada” debatem acerca dessa problemática, tendo em vista que estão circunscritos em cronologia e produções divergentes, mas convergindo em seus pensamentos. Para ambos os autores, é árduo para o pesquisador produzir sem viés ideológico, bem como sem parcialidade e empatia, uma vez que a historiografia está subordinada à visão do historiador, esse que trabalha envolto de várias influências externas como família, crenças, instituições, fortalecendo a ideia dos autores aludidos da impossibilidade da produção sem parcialidade de quem o produziu.
Palavras-chave: Escrita. Historiador. Parcialidade. Ideologia. Historiografia.
INTRODUÇÃO
É notório perceber a importância do entendimento de como a produção escrita pode impactar a massa social quando se obtém apenas um pensamento centralizado e dominante dos acontecimentos. Sendo assim, essa pesquisa urge analisar os conflitos de escrita e pensamento, bem como se há a possibilidade da produção sem viés ideológico do pesquisador histórico, haja vista que esse está inserido em seu próprio contexto podendo utilizar de sua parcialidade e empatia em seus discursos. Assim, abre espaço ao Keith Jenkins em sua obra “A História Repensada” (1991) para entender como o sentimentalismo pode comparecer em suas escritas, atrelado ao Marc Bloch em “A Apologia da História” (1949) demonstrando o ofício do historiador, a fim de entender se esse sentimentalismo supracitado pode adentrar ou não em suas produções, ofertando sempre e apenas a parcialidade. Jenkins enfatiza que nenhum texto é fundamentalmente correto e a historiografia é a própria matéria integrante da História, estando também subordinada a uma visão pessoal do historiador, até mesmo pela deficiência das fontes e seus métodos. Na prática, a História é produzida por historiadores que trabalham seus valores, posições, perspectivas ideológicas a fim de conhecer, diante disso o historiador organiza hipóteses e métodos próprios surgindo as técnicas e habilidades do historiador, estando essas sujeitas às influências externas, como a família, o trabalho e editora. Já Bloch, defende que a produção não deve ser restrita aos intelectuais explorando, então, a criticidade. Na mesma obra, o autor enfatiza a necessidade da imparcialidade como historiadores, pois são os papeis de cientistas e de determinadores de fatos que compõem uma história não havendo distorções nas narrativas, haja vista que a finalidade é a compreensão dos fatos. Com isso, são compreensíveis como os dizeres dos autores se encontram no que cerne à prática do trabalho do historiador e como esse deve seguir suas convicções, uma vez que estão rodeados de interferência.
JUSTIFICATIVA E PROBLEMA
O interesse surgiu pelo entusiasmo em entender como obras de demais períodos ainda se aplicam em debates atuais, como na questão do papel do historiador e do professor. Com isso, ao delimitar o tema dessa iniciação científica entendemos a relevância desse estudo, uma vez que irá preencher as ausências acadêmicas e sociais sobre os estudos de teoria e historiografia e sua aplicabilidade na atualidade em um cenário que propõe o inverso. Outro ponto é a importância desse tema na conjuntura educacional, uma vez que se conecta com a atual demanda política em que o docente tem a suposta “necessidade” de manter-se imparcial em suas falas e magistério. Sendo assim, analisa os possíveis embates entre os teóricos e historiadores contemporâneos tendo como problemática central sintetizada na pergunta: É praticável produzir história sem ideologia do próprio estudioso, maiormente delimitado na conjectura de suas particulares circunstâncias?
OBJETIVOS
O objetivo geral toma a análise da possibilidade de produção com ideologias analisando seu impacto nas relações acadêmicas, sociais e educacionais relacionando com a reivindicação de uma isenção por parte dos docentes. Já os objetivos específicos tomam forma ao debater e ponderar como March Bloch e Keith Jenkins já examinavam trabalho do historiador utilizando de suas verdades no discurso historiográfico.
REFERENCIAL TEÓRICO
Será composto principalmente por Marc Bloch e Keith Jenkins, que escrevem sobre o enunciado discutindo sobre a potencialidade do escritor histórico, seus ofícios e práticas.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa tem caráter qualitativo e bibliográfico ao estudar o objeto e comparar os pensamentos de Jenkins e Bloch, igualmente com outros historiadores, a fim de entender como esses realizam seu ofício através de suas verdades.
RESULTADOS FINAIS
A pesquisa apresentou resultados satisfatórios ao responder ao questionamento e objetivos da possibilidade de uma produção sem a ideologia do próprio pesquisador. Com isso, após leituras e análises dos materiais levantados como importantes para o debate, entendemos que, em diálogo com Bloch e Jenkins e indo ao oposto da discussão que almeja a isenção dos profissionais da área de história, não há como um historiador escapar de si para atender demanda histórica de outros. Ou seja, é notório que o historiador irá produzir, debater e estudar consoante suas vivências e suas influência externas e internas não sendo possível uma opinião imparcial do que o cerca usando do que julga como suas verdades no discurso.
CONSIDERAÇÕES
Destarte, concluímos que, apesar do debate atual que prega a necessidade da imparcialidade do historiador e do professor, Marc Bloch e Keith Jenkins já apontavam que, mesmo circunscritos em espaços historiográficos diferentes, o historiador organiza de suas hipóteses e métodos de trabalhos desencadeando suas próprias técnicas de trabalho. Com isso, os autores entendem que por demandar de suas metodologias próprias não é fácil o pesquisador desvencilhar de si mesmo nas suas produções, uma vez que esses sofrem inúmeras influências externas em seus discursos históricos como a de sua família, de sua instituição e de suas crenças, por exemplo, tornando impossível se emancipar de suas opiniões.
Comissão Organizadora
CLÁUDIA APARECIDA FERREIRA MACHADO
Andrey Guilherme Mendes de Souza
Fátima Rita santana Aguiar
Comissão Científica