RESUMO
Este trabalho apresenta uma pesquisa em andamento que analisa a profissionalização docente dos professores universitários que atuam como formadores de professores. O enfoque desta pesquisa se justifica porque contempla considerar a profissionalização, as trajetórias de formação e a construção da identidade do docente. Para tanto, a pesquisa se constitui de um estudo de caso com cunho qualitativo, e terá como referência de estudo o período composto entre 2003 até os dias atuais. Aqui apresentamos a pesquisa bibliográfica recorrendo aos autores que abordam a singularidade do processo investigativo. Definimos a pesquisa no discurso do materialismo histórico dialético, à luz da relação entre trabalho e educação, porque entendemos ser necessário examinar e ter uma visão da totalidade dos fenômenos na perspectiva crítico emancipatória, capaz de desvelar a realidade pesquisada. Para tanto, reportamos ao referencial teórico de Veiga (1999; 2005), entre outros. Assim sendo, a investigamos de forma sistemática e crítica as possibilidades, os limites e os desafios da profissionalização docente.
Palavras-chave: Profissionalização docente, Formação, Pedagogia.
1 INTRODUÇÃO
A profissionalização docente é um tema que vem recebendo atenção nos últimos anos no cenário nacional e internacional. As reformas educativas implementadas nas décadas de 80 e 90 contribuíram para o aumento desse interesse, visto que, o foco se voltou para a temática em decorrência do cenário de rápidas mudanças sociais; isso fez com que se refletisse diretamente nas instituições de ensino e no trabalho dos docentes.
Esse direcionamento expressou novos e complexos desafios para a profissão. A profissão e a legislação direcionam a relação de fatores que, no contexto da realidade brasileira, veem criar novas demandas nos quadros de profissionais do Brasil. E ainda, trata de ressignificar o ensino, o qual considera a figura do professor como central. Nessa perspectiva, há uma interferência direta no campo da formação inicial e continuada dos professores.
JUSTIFICATIVA E PROBLEMA DA PESQUISA
O enfoque desta pesquisa justifica-se porque contempla considerar a profissionalização, as trajetórias de formação e a construção da identidade do docente. Por isso, propomos investigar, de forma sistemática e crítica, as possibilidades, os limites e os desafios da profissionalização docente. Nessa perspectiva, esta pesquisa levantará, a priori, o seguinte problema: como se constitui a profissionalização docente dos formadores de professores?
Entendemos que precisamos avançar na compreensão da construção profissional do professor que estuda, pesquisa, aprende e ensina na universidade, é que nos propusemos a enveredar pela reflexão na totalidade dos fatores sociais, culturais e intelectuais que corroboram para o desenvolvimento da criticidade.
OBJETIVOS DA PESQUISA
Analisar como se constitui a profissionalização docente dos professores universitários que atuam como formadores de professores.
REFERENCIAL TEÓRICO
No Brasil, as reformas educativas provocaram também grande impacto, diante dos critérios apontados pelas legislações vigentes e pela universidade. Desse modo, cresceram as discussões a respeito dos processos de formação, de profissionalização e do papel dos professores como sujeitos nesse cenário. Para Freitas (2002), por trás do discurso de valorização dos professores, essas políticas neoliberais estão aumentando a desqualificação e a desvalorização desses profissionais.
Na visão de Silva (2011), a formação inicial ou continuada possui gênese social e se constitui em um direito do professor, uma vez que possibilita a construção da sua identidade e viabiliza a sua profissionalização. Constroem-se, junto com a carreira, a jornada de trabalho e a remuneração, elementos indispensáveis de valorização profissional e de constituição do profissionalismo.
O termo profissão, proveniente do latim professio, estabelece relações semânticas com os vocábulos declaração, emprego, exercício, profissão e ocupação. Seu “conceito não é neutro nem científico” (VEIGA, 2005, p. 23), pois, a ele, diferentes aspectos entrelaçam-se, permeados por relações de poder que o determinam em um dado contexto e vem evoluindo através de transformações ocorridas no âmbito social e econômico ao longo do seu percurso histórico. Nóvoa (1992) define profissionalização como um processo através do qual os trabalhadores melhoram o seu estatuto, elevam os seus rendimentos e aumentam o seu poder, a sua autonomia. O mesmo autor ainda sinaliza que, para a formação de professores, é indispensável que a formação tenha como eixo de referência o desenvolvimento profissional na dupla perspectiva do professor individual e do coletivo docente. Isso exige estudo e abertura para os desafios e a persistência na busca do conhecimento. A profissão docente é um renovar-se todos os dias.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Fundamentamos o estudo na realização de uma pesquisa bibliográfica com autores que abordam a singularidade do processo investigativo em relação à profissionalização docente. A pesquisa será analisada dentro do marco teórico que considera a relação entre trabalho e educação para a análise do contexto em sua totalidade, apoiados em Nóvoa (1992; 2002), e Veiga (1999; 2005) entre outros. Para a interpretação e análise dos dados, utilizamos o método. Enfim, será uma tarefa de “desocultação”, que absorve o investigador na atração pelo escondido, pelo não aparente.
CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
O estudo até aqui realizado está longe de ser conclusivo, porém já aponta os vários termos e expressões relativamente ao contexto da profissionalização e se referem ao desafio crônico e histórico da formação de professores, mas, agora, com uma nova exterioridade, aderente aos princípios do modelo de gestão pública que vem sendo implementado desde o final da década de 1990. Trata-se de uma forma de responsabilizar o professor pela sua formação continuada ou seu desenvolvimento profissional.
A conceituação de profissionalização tem sido muitas vezes tratada como profissionalismo, profissionalização, ofício, se apresentando também vinculada à questão da (in) competência para ensinar com eficácia. As controversas discussões por que tem passado a dimensão profissional da docência evidencia os desafios de enfrentar a profissionalização do ensino e a indefinição da carreira docente. Há uma inferência no significado e no sentido de ser “profissional” para ser “professor competente” como se professor tivesse um sentido único e absoluto, significando apenas um conjunto de saberes necessários ao ofício da profissão docente, desconsiderando os demais fatores que intervêm na formação profissional e a polissemia que envolve o termo “profissional” e, por consequência, “profissionalização” principalmente no que se refere diretamente a profissão de ser um professor, em especial pedagogo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREITAS, Helena Costa Lopes de. Formação de professores no Brasil: 10 anos de Embate entre projetos de formação. Educação & Sociedade, Campinas, v. 23, n. 80, Setembro de 2002. p. 137-168.
SILVA, Kátia A. C. P. C. Linhas Críticas, Brasília, DF, v. 17, n. 32, p. 13-31, jan./abr. 2011.
VEIGA, I. P. A. A profissionalização docente: uma construção histórica e ética. In: VEIGA, I. P. A.; ARAÚJO, J. C. S.; KAPUZINIAK, C. Docência: uma construção ético-profissional. Campinas, São Paulo: Papirus, 2005.
VEIGA, I. P. A.; CUNHA, M. I. da (Org.). Desmistificando a profissionalização do magistério. Campinas: Papirus, 1999.
VEIGA, I. P. A.; ARAUJO, J. C. S.; KAPUZININIAK, Célia. Docência: uma construção ético-profissional. Campinas, SP: Papirus, 2005.
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