A dentina, de papel primordial na preservação da vitalidade do dente,
frequentemente sofre lesões cariosas que podem comprometer a polpa dentária. Quando a
polpa ainda responde de forma reversível à agressão, o capeamento pulpar indireto surge
como alternativa conservadora para manter sua vitalidade.¹ Neste procedimento, cimentos
biocerâmicos, como o Bio-C Repair (Angelus, PR, Brasil), destacam-se por suas
propriedades regenerativas2, bactericidas e de selamento, além de não exigir manipulação.³
Este trabalho relata a aplicação clínica do capeamento pulpar indireto com o cimento
reparador biocerâmico Bio-C Repair, ressaltando a importância de um correto diagnóstico
clínico e radiográfico. Paciente do sexo feminino, 11 anos, foi encaminhada à disciplina da
Clínica Integrada I para avaliação do elemento 14, onde relatou sentir muita sensibilidade e
dor ao mastigar. Ao exame clínico intra-oral, foi identificada fratura parcial da restauração
ocluso-mesial existente, enquanto o exame radiográfico mostrou rizogênese incompleta do
elemento. Ao teste de sensibilidade ao frio, respondeu dentro da normalidade, sugerindo
diagnóstico de pulpite reversível. Assim, foi realizada a remoção da restauração fraturada,
limpeza da cavidade com clorexidina a 2%, capeamento pulpar indireto com o Bio-C Repair,
e restauração provisória com cimento ionômero de vidro autopolimerizável. Após 4 semanas,
os testes clínicos foram repetidos, com resposta normal, e a paciente relatou não sentir mais
dor, indicando sucesso no capeamento pulpar indireto. Com isso, realizou-se o rebaixamento
da restauração provisória, seguido de restauração Classe II ocluso-mesial em resina composta
no elemento 14. O capeamento pulpar indireto com cimento biocerâmico foi eficiente na
proteção do órgão pulpar, oferecendo saúde e funcionalidade ao elemento dentário
dispensando procedimentos endodônticos mais invasivos. A técnica de uso do material foi
facilmente absorvida e realizada com sucesso por alunos de graduação do 6º período
universitário.