Profissionais das áreas de conservação (CONS) e de bem-estar animal (BEA) frequentemente divergem sobre como mitigar problemas com vertebrados considerados pragas. Conservacionistas tendem a minimizar questões de bem-estar animal, enquanto profissionais em BEA frequentemente ignoram os danos que esses animais causam à biodiversidade. Essas divergências podem estar relacionadas tanto com a empatia que vertebrados-praga geram, quanto com diferenças na formação acadêmica. Neste estudo analisamos as percepções de estudantes das ciências da vida e profissionais das áreas de CONS e BEA sobre propostas para solucionar problemas causados por duas espécies: capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) e javaporco (Sus scrofa). Um questionário semiestruturado online testou as hipóteses de que quanto menor a empatia e maior o conhecimento sobre os impactos negativos, maior a inclinação para indicar a erradicação de vertebrados-pragas. Foram recebidos 139 questionários válidos: 64 de estudantes e 75 de profissionais (CONS: 40, BEA: 35). Apenas um estudante sugeriu a erradicação de capivaras, enquanto os demais estudantes e todos os profissionais indicaram técnicas de controle dessa espécie. A maioria dos estudantes indicou o controle ao invés da erradicação de javaporcos (X²=6,42, P=0,011). Profissionais de ambas as áreas sugeriram controle e erradicação dos javaporcos de forma similar (X²=0,07, P=0,078). O nível de empatia diferiu entre as espécies (F3, 143=39,55, P<0,0101); capivaras geram mais empatia (média=8,3, d.p.=1,8) que javaporcos (média=7,2, d.p.=2,3). Adicionalmente, apenas para profissionais de CONS houve correlação positiva entre o nível de conhecimento com o número de profissionais que indicaram a erradicação de javaporcos (r=0,93, P=0,02). Conclui-se que tanto o nível de empatia quanto o nível de conhecimento afetam as escolhas de técnicas de manejo para resolver os problemas causados por vertebrados-praga. Portanto, desde a formação acadêmica, é necessário estimular discussões sobre os impactos negativos provocados por esses animais.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
Comissão Organizadora
Eduardo Bessa
Comissão Científica