Os macacos-prego (Sapajus libidinosus) são primatas de desenvolvimento lento e alta capacidade cognitiva, que possuem comportamentos típicos mediados através de aprendizagem social, como o uso de ferramentas. A influência materna no início do desenvolvimento é essencial para a formação do infante. Neste estudo, nosso objetivo foi analisar como se dão os conflitos precoces entre mães e infantes nesta espécie em vida livre. Observamos 15 díades compostas por 5 fêmeas com 3 proles cada, acompanhando-os do nascimento do filhote até sua décima segunda semana de vida. Os macacos fazem parte de uma população selvagem que habita a Fazenda Boa Vista, em Gilbués – PI. As díades foram filmadas através do método de amostragem animal focal, totalizando cerca de 35 horas de filmagens. Os comportamentos aversivos com iniciativa materna foram codificados através do programa BORIS. Foram registrados os comportamentos de ameaça, agressão, se afastar do infante, interrupção do transporte ou da amamentação e recusa à solicitação de contato, alimentação ou transporte. Com base nas taxas semanais (ocorrências do comportamento pelo tempo de observação semanal), observamos que os comportamentos já ocorrem na primeira semana de vida, mas atingem maiores valores a partir da nona semana. Mães jovens (primíparas ou que estão com sua segunda ou terceira prole) apresentaram maiores taxas e maior diversidade de comportamentos aversivos que mães mais velhas (que já tiveram múltiplas proles anteriores). Tais comportamentos podem estar associados à pouca experiência materna e ao menor tamanho corporal das jovens fêmeas. Sugerimos que o ambiente e as características da mãe influenciam o investimento materno nesta população de macacos-prego, sendo tais fatores fundamentais para a formação do sistema social destes primatas e para a conservação de suas tradições únicas e socialmente mediadas.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
Comissão Organizadora
Eduardo Bessa
Comissão Científica