A categorização de comportamentos é um procedimento muito difundido nos estudos psicoetológicos e que possui reconhecida importância na investigação da ontogênese de primatas humanos e não humanos. Nesses trabalhos, é comum que as categorias contemplem apenas um comportamento isolado - e.g. segurar um objeto -, não uma sequência interacional, que nos permite compreender a função da ação no contexto social em que ela se insere. Em via de propiciar a análise dos processos ontogenéticos em seu curso, categorizamos as sequências interacionais de 34 crianças de três anos em contexto lúdico semiestruturado. O material analisado era composto de 24 sessões de observação videogravadas. As sessões se dividiam em uma parte diádica e uma triádica: inicialmente, uma dupla de crianças era conduzida a uma sala para brincar livremente com objetos deixados à disposição e, após 10 minutos, uma terceira entrava. Esse formato maximiza as negociações entre as crianças para brincar – a criança “atrasada” esforça-se para entrar na atividade já estruturada; e a díade inicial acolhe ou rejeita essa participação. Foi conduzida uma análise qualitativa microgenética de todas as sessões. Quatro categorias foram elaboradas a partir do critério de regulação entre as crianças: ação individual (AI); orientação da atenção para o parceiro (OP); ação coordenada (AC); e ação coordenada cooperativa (CC). As sessões foram divididas em intervalos de 30 segundos e cada intervalo representado por um diagrama em que as categorias indicadas priorizavam o momento de maior regulação do grupo (CC>AC>OP>AI). As crianças majoritariamente apresentaram interações coordenadas e cooperativas, tendendo a estabelecer essas interações com parceiros do mesmo gênero. Assim, o presente trabalho evidencia o potencial do procedimento de categorização de sequências interacionais para a investigação das transformações ontogenéticas a partir da psicoetologia.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
Comissão Organizadora
Eduardo Bessa
Comissão Científica