Investigação das relações étnico-raciais na infância - um estudo observacional em uma abordagem psicoetológica

  • Autor
  • Augusto Vagner Soares Martins de Lira
  • Co-autores
  • Briseida Dogo de Resende , Bruna de Sá , Juliana Maria Ferreira de Lucena , Letícia Karinne Muniz Moura , Lindolfo Holanda Cavalcanti , Maria Isabel Pedrosa
  • Resumo
  • Nos estudos psicoetológicos com crianças humanas, o pertencimento étnico-racial é raramente abordado. Consideramos que o modelo de Robert Hinde para estudo da socialidade é profícuo para refletir sobre as relações raciais na infância, na medida em que propõe um sistema emergente em três níveis: interações, relações e estrutura social. Podemos, desse modo, ultrapassar explicações individualizadas do fenômeno. Neste estudo, o objetivo foi analisar como o pertencimento influencia as relações de crianças de 3 a 5 anos. Setenta crianças participaram da pesquisa, sendo 16 brancas, 29 negras e 25 pardas. As crianças foram heteroclassificadas quanto ao seu pertencimento étnico-racial. As sessões de observação ocorreram em situação lúdica semiestruturada e foram videogravadas, totalizando 45 sessões. Estas eram divididas em uma parte diádica e outra, triádica: inicialmente uma dupla era conduzida a uma sala para brincar e, após 10 minutos, uma terceira entrava. Essa organização maximiza as negociações para brincar com o parceiro que chega e busca se introduzir na atividade já estruturada. Numa abordagem qualitativa, todas as sessões foram microgeneticamente analisadas. Três dimensões das relações das crianças foram investigadas, a partir de um conjunto de indicadores desenvolvidos para caracterizá-las: (1) hierarquia – relação simétrica, de liderança e de dominância; (2) afetividade – relação amistosa, conflituosa e com disputa; (3) estratégias de receptividade - inclusão e exclusão. Os resultados evidenciam uma alteração na dinâmica interacional após a entrada de uma terceira criança. No entanto, não há indícios de relações discriminatórias com base no pertencimento étnico-racial das crianças para nenhum dos grupos etários investigados. Essa ausência sugere que o contexto lúdico pode ter um papel facilitador da relação com a diferença na infância. Ressaltamos ainda que a composição racial não balanceada dos grupos e a heteroclassificação do pertencimento foram limitações importantes do nosso trabalho, aspectos que demandam atenção para o planejamento de investigações futuras.

  • Palavras-chave
  • crianças, socialidade, relações étnico-raciais
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Socialidade e Comunicação
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Eduardo Bessa

Comissão Científica