O uso do canal acústico na interação entre cães e suas tutoras: um estudo comparativo sobre cães surdos e ouvintes

  • Autor
  • Carolina Jardim
  • Co-autores
  • Natalia Albuquerque
  • Resumo
  •  

    Ao contrário do que fala o senso comum, cães com surdez neurossensorial bilateral congênita são capazes de emitir vocalizações. Ao mesmo tempo, apesar da restrição sensorial, pessoas também podem vocalizar para seus cães surdos. O objetivo deste trabalho foi investigar de forma comparativa a utilização do canal acústico na interação entre cães surdos e ouvintes com suas tutoras. Utilizando o método Ciência Cidadã Síncrona, coletamos dados de 70 sujeitos, pertencentes a 35 díades humano-cão (17 cães surdos; 18 cães ouvintes e 35 pessoas ouvintes), que interagiram em uma sessão de brincadeira por 2 minutos. As vocalizações dos cães e das pessoas foram avaliadas. Analisamos para humanos: gritar, murmurar e falar, porém gritar não ocorreu. Para os cães foram analisados uivar, rosnar, choramingar e latir, mas apenas o último teve ocorrências. Tivemos um total de 13 tutoras de cães surdos (76%) que emitiram vocalizações versus 17 de cães ouvintes (95%). A média da frequência relativa do comportamento murmurar para tutoras de cães ouvintes foi 0,002±0,006 e para tutoras de cães surdos foi 0,029±= 0,0334. Para o falar, a frequência relativa média para tutoras de cães ouvintes foi 0,262±0,182 enquanto para de cães surdos foi 0,049±0,6819, revelando uma diferença significativa em ambos os comportamentos (p=0,001), no entanto, em sentidos contrários. Para os cães, tivemos apenas um cão surdo (5,9%) que emitiu vocalizações versus 11 cães ouvintes (61%). No entanto, não houve diferença significativa para o comportamento latir ao compararmos cães surdos e ouvintes (frequência relativa média de 0,010±0,032 para cães ouvintes e 0,014±0,061 para cães surdos). A partir desses resultados, percebemos que pessoas vocalizam para seus animais independentemente da deficiência auditiva. No entanto, diferentes estratégias comportamentais parecem ser empregadas por pessoas que interagem com um cão ouvinte ou surdo. Mais estudos são necessários sobre a produção de pistas acústicas por cães surdos.

  • Palavras-chave
  • Canis familiaris, modalidades sensoriais, surdez
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Bem-estar animal e etologia aplicada
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