Diversos tipos de enriquecimento ambiental são utilizados para melhorar o bem-estar em peixes. Neste estudo, testamos o efeito da estimulação táctil corporal (um tipo de enriquecimento sensorial) sobre o bem-estar de Betta splendens, espécie ornamental que exibe agressividade exacerbada devido ao longo processo de seleção artificial. Especificamente, testamos a hipótese de que a estimulação táctil reduz a agressividade, o estresse e melhora o crescimento nessa espécie. Machos de beta foram individualmente submetidos a dois tipos de tratamento: a) sem estimulação táctil (N=20); b) com estimulação táctil (N=20), por um período de 25 dias. Para isso, utilizamos um aparato de estimulação táctil, composto por uma estrutura retangular de PVC, equipada com hastes plásticas verticais revestidas com cerdas de silicone nas laterais. Os peixes eram estimulados ao passar por entre as cerdas. Como controle, foi utilizado um dispositivo semelhante, porém sem as cerdas de silicone. A agressividade individual foi avaliada por meio de ataques e ameaças em um teste do espelho, no início e no final do experimento. Além disso, a agressividade social foi avaliada por meio de lutas em duplas de indivíduos do mesmo tratamento. Observamos que os peixes atravessaram pelo aparato com estimulação táctil. No entanto, não houve diferenças significativas na agressividade nem no crescimento entre os tratamentos com e sem estimulação. O cortisol foi maior para os animais da estimulação táctil. É possível que a ausência de efeito da estimulação táctil sobre a agressividade e o crescimento dos peixes esteja relacionada ao fato dos machos serem mantidos isolados desde o início de suas vidas, sendo privados de contato físico com outros coespecíficos. Outra possível explicação está na seleção artificial pela qual a espécie tem passado, que intensifica a motivação agressiva. Dessa forma, concluímos que esse tipo de enriquecimento não melhora o bem-estar de espécies altamente agressivas e socialmente isoladas.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
Comissão Organizadora
Eduardo Bessa
Comissão Científica