Espécies reprodutoras cooperativas se destacam dentre outras espécies sociais por possuírem dispersão tardia entre indivíduos sexualmente maduros. Compreender os fatores que motivam ou retardam a dispersão nessas espécies é crucial para o entendimento da dinâmica social dos grupos. A espécie Callithrix jacchus é conhecida por seus comportamentos flexíveis em diferentes ambientes e uma organização social marcada pelo balanço entre cooperação e competição reprodutiva. Entretanto, ainda se sabe pouco sobre os fatores que promovem a estabilidade dos grupos e motiva a emigração de indivíduos. Portanto, buscamos explorar aspectos envolvidos na saída de indivíduos para outros grupos em Callithrix jacchus, analisando variáveis ambientais e sociais. Para isso, exploramos mais de 30 anos de dados demográficos abrangendo 10 grupos de saguis habitando dois ambientes distintos, Caatinga (CAA) e Mata Atlântica (MA). Nossa hipótese é de que diferentes condições ambientais e sociais irão promover a dispersão de indivíduos. Migrações sob diferentes pressões ambientais (seca vs. chuva) serão mais concentradas na CAA comparado a MA. Também esperamos que quanto maior o tamanho dos grupos, maior a chance de dispersão. Além disso, prevemos que a presença de infantes seja um fator inibidor das migrações. Nossos resultados mostram que as migrações em saguis estão sendo influenciadas tanto por fatores sociais quanto ambientais. A frequência de migrações é maior no ambiente de MA em comparação a CAA e ocorrem mais no período seco, enquanto na CAA mais migrações parecem ocorrer no período chuvoso. Além disso, fatores sociais também tiveram grande influência na dinâmica de dispersão de indivíduos, corroborando nossas predições para tamanho de grupo e presença de infantes. Nosso estudo mostra que a dinâmica social e demográfica dos grupos de saguis é modulada concomitantemente por fatores socioecológicos, e reforça o papel essencial do cuidado cooperativo quando há infantes no grupo.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
Comissão Organizadora
Eduardo Bessa
Comissão Científica