Primatas possuem um longo período de imaturidade, momento no qual aprendem habilidades de forrageio e vida social, porém animais que crescem sob o cuidado humano podem apresentar desvios no comportamento em relação aos conspecíficos selvagens. Macacos-prego (Sapajus spp.) são o segundo gênero de primatas mais resgatados, estando presentes em 5 dos 9 CETAS nordestinos, onde devem ser reabilitados antes do retorno à natureza. Esse trabalho teve como objetivo investigar o perfil comportamental de 27 macacos-prego imaturos, mantidos sob os cuidados do CETAS-RN. Analisamos e classificamos os imaturos de acordo com o tamanho corporal em cinco faixas-etárias: infantes, juvenis I, II e III e sub-adultos. O etograma utilizado possui 78 comportamentos agrupados em 20 macrocategorias. Após a padronização dos dados realizamos a um modelo de regressão linear usando faixa-etária e sexo como variáveis preditoras do perfil comportamental. Nossos resultados mostraram que os infantes estão mais envolvidos em comportamentos sociais positivos que outras idades, enquanto sub-adultos realizam mais comportamentos submissos que os demais. Infantes forrageiam menos e juvenis I manipulam alimento mais que as demais faixas-etárias, indicando uma estabilização na habilidade manipulativa a partir do período juvenil II. Encontramos também que as fêmeas realizam mais comportamentos autodirigidos e estereotipados que os machos, mas recebem mais catação, demonstrando que as fêmeas imaturas estão mais estressadas que os machos. Verificamos que o período de independência materna ocorre em fase semelhante a da observada na natureza (Juvenil II), contudo as fêmeas estão mais estressadas possivelmente devido a estrutura matrilinear do gênero. Esperamos que trabalhos como esse auxiliem na melhor compreensão do comportamento de macacos-prego e no manejo do bem-estar de primatas em cativeiro.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
Comissão Organizadora
Eduardo Bessa
Comissão Científica