A pesquisa com diferenças individuais no comportamento cresceu nos últimos anos, mostrando que traços comportamentais covariam. Indivíduos com comportamentos mais propensos ao risco são, geralmente, mais proativos; mais ousados; mais eficientes em colonizar e resistir a ambientes antropizados; apresentam maior demanda energética e adotam uma estratégia reprodutiva de alto risco/alto ganho. Portanto, quando consistentes ao longo do tempo e entre contextos (i.e., personalidade), essas diferenças têm alta relevância ecológica e evolutiva. Embora haja alguns testes padronizados e amplamente utilizados entre espécies, há a necessidade de adequar ao grupo taxonômico de interesse. Nesse sentido, o presente simpósio objetiva apresentar as potencialidades e limitações dessa área de estudo de acordo com o grupo taxonômico de estudo, bem como as perguntas ecológicas e evolutivas passíveis de serem respondidas. No caso de roedores, há diversos testes já validados para os camundongos e ratos de laboratório, embora seu uso em roedores selvagens seja dificultado devido ao manuseio muito particular, pois podem se estressar facilmente e até vir à óbito. Com relação à bioacústica, esta requer não apenas de equipamentos de alto custo, mas há também uma demanda grande de tempo para detecção manual dos chamados, haja vista que não há uma biblioteca disponível para a maioria dos pequenos roedores brasileiros. Nas aves noturnas, é virtualmente impossível estudar seu comportamento em vida livre e, portanto, as aves que vivem sob cuidados humanos tornam-se importantes aliadas no entendimento do ritmo circadiano de animais noturnos. Com relação aos peixe-zebra, são um dos modelos mais antigos e populares para o estudo de personalidade, servindo atualmente de modelos até para o uso de drogas em humanos. Com este simpósio, espera-se difundir e popularizar a coleta de dados de personalidade nos mais variados grupos de vertebrados no Brasil.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
Comissão Organizadora
Eduardo Bessa
Comissão Científica