Macacos-prego (Sapajus spp.) são primatas sul-americanos hábeis que comumente utilizam objetos disponíveis em seu ambiente como ferramentas para acessar recursos alimentares. Embora o uso de ferramentas nessa espécie tenha sido extensamente estudado na última década com diversos enfoques, a individualidade de cada macaco e a qualidade de suas interações com seu ambiente físico-social têm sido pouco consideradas nessas investigações. O presente trabalho tem como objetivo explorar a complementaridade desses enfoques pouco considerados. Para isso, codificamos comportamentos manipulativos de dez infantes de macacos-prego (Sapajus libidinosus) do estado do Piauí (três machos e sete fêmeas) em registros focais de vídeo durante o seu primeiro ano de vida. Bem como, analisamos as sequências de ações dos macacos-prego (Sapajus spp.) do Parque Ecológico do Tietê (PET) em dez episódios de quebra, registrados em vídeos estáticos que apresentavam sempre quatro a cinco animais. A codificação comportamental nos mostrou que os padrões manipulativos de objetos (i.e. restos de coco, pedras e alimentos) se relacionam à identidade do animal, considerando tanto a quantidade de comportamentos manipulativos quanto o tipo de objeto. Ao passo que as descrições das sequências de ações dos animais evidenciaram que a presença dos filhotes no sítio de quebra — interagindo com objetos e macacos experientes — afeta a dinâmica comportamental de todos os presentes, o que influencia no desenvolvimento comportamental dos primeiros. Assim, procuramos abrir novos horizontes na pesquisa sobre uso de ferramentas nesse gênero, mostrando de maneira mais minuciosa como a individualidade do animal e sua história de vida afetam a trajetória ontogenética dos comportamentos de quebra de coco.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
Comissão Organizadora
Eduardo Bessa
Comissão Científica