O cuidado parental em primatas é amplamente investigado e estudos ligados à morte de infantes e como outros membros do grupo lidam com tal fenômeno são cada vez mais recorrentes. O presente relato ocorreu no dia 07/06/2024, aproximadamente às 15 horas na FLONA de Assú - ICMBio. Dois infantes de C. jacchus, com 3 meses de idade, brincavam no chão com o macho reprodutor, enquanto a fêmea forrageava a cerca de 3 metros dos demais, quando um gato-do-mato (Leopardus tigrinus) subitamente apareceu em meio aos arbustos. Os saguis subiram rapidamente numa árvore seguidos do predador, que capturou um dos filhotes. Ao descer da árvore, o felino assustou-se com o observador que estava próximo, largando o infante no chão que ali ficou por horas, ainda vivo. Após o ocorrido, enquanto o macho cuidava do outro infante, a fêmea desceu diversas vezes, sempre muito alerta, até aquele que estava caído para que ele pudesse agarrar em seus pêlos. Em alguns momentos a fêmea debruçou-se sobre o infante agarrando-o. Em cada descida, ficava menos de 5 segundos no chão e rapidamente voltava para a árvore. Após 50 minutos o macho reprodutor e o outro infante deslocaram-se em direção ao local de dormida, emitindo chamados de contato (“phee”) para a fêmea, que não respondeu, permanecendo com o filhote. A fêmea tentou por diversas vezes deixá-lo, mas sempre que o mesmo emitia uma vocalização, a mãe voltava imediatamente para o local, repetindo o padrão comportamental descrito anteriormente, que perdurou por mais 2 horas e 20 minutos, aproximadamente. A fêmea vocalizou durante todo o evento, deixando o local quando já não havia mais luz (18:10), sem o filhote. Os C. jacchus são primatas diurnos e o evento relatado acima pode evidenciar o grande investimento do cuidado parental na espécie.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
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Eduardo Bessa
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