A utilização vertical das florestas pode ser mediada pela necessidade de deslocamentos, forrageamento e busca por indivíduos para reprodução. Esses fatores causam variações na forma de uso nos diferentes estratos arbóreos (sub-bosque, estrato intermediário e dossel). Esta pesquisa avaliou o uso do estrato arbóreo por dois grupos nativos de Callithrix jacchus e dois grupos exóticos de Saimiri sciureus, entre setembro/2017 e outubro/2019 na Reserva Biológica de Saltinho (REBio Saltinho), Tamandaré, Pernambuco, Nordeste do Brasil. Durante o monitoramento dos grupos de primatas, a localização quanto à altura em relação ao solo foi anotada em fichas para estimar o uso dos estratos arbóreos, em categorias com intervalos de 5 metros (m) (0-5 m; 5-10 m; 10-15 m; 15-20 m). Os grupos de C. jacchus utilizaram estratos mais baixos entre 0 e 5 m de altura (grupo 1: N= 115 e grupo 2: N= 287), enquanto os grupos de S. sciureus realizaram suas atividades principalmente de 5 a 10 m (grupo 1: N= 185 e grupo 2: N= 245). Em relação a atividade de consumo de alimentos, o grupo 1 de C. jacchus usou o estrato de 0 a 5 m (N= 29), mas o grupo 2 usou regularmente o estrato de 5 a 10 m (N= 32). Os grupos de S. sciureus comeram na maioria dos registros entre 10 e 15 m de altura (grupo 1: N= 23 e grupo 2: N= 51). Enquanto os grupos de C. jacchus se alimentaram principalmente de gomas (60% dos itens alimentares), a frugivoria sobressaiu-se nos grupos de S. sciureus (cerca de 70%). Dessa forma, conclui-se que os padrões de deslocamento nos estratos mais baixos dos grupos de C. jacchus observados na REBio Saltinho estariam ecologicamente associados à gomivoria, enquanto os grupos de S. sciureus coletavam mais frutos no estrato superior, formado pelo dossel.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
Comissão Organizadora
Eduardo Bessa
Comissão Científica