A quebra de cocos é comum na rotina alimentar de algumas populações de macacos-prego: os indivíduos costumam utilizar pedras que funcionam tanto como substratos para posicionar os cocos, quanto como martelos para desferir os golpes. Grande parte dos estudos referentes ao uso de objetos como ferramentas em primatas não humanos se atém ao comportamento do observador, contudo, a análise do comportamento daquele que está sendo observado pode trazer importantes contribuições acerca dos diferentes processos de aquisição comportamental. O objetivo deste trabalho foi verificar se há alteração no comportamento de quebra de cocos em virtude da presença e ausência de uma audiência em uma população de macacos-prego (Sapajus libidinosus) adultos selvagens da Fazenda Boa Vista (FBV), PI. Para tanto, transcrevemos 15 horas de vídeos de um indivíduo adulto chamado Jatobá com 58 episódios de quebra de coco. Registramos o número de batidas sobre o coco e a presença de audiência em cada episódio. Nossa hipótese era que a frequência de batidas durante episódios de quebra de coco por um macaco adulto mudaria significativamente com a presença de audiência. A partir de filmagens de quebra de cocos, registramos a frequência de golpes do animal mais habilidoso do grupo e aplicamos um modelo linear generalizado para comparar essa frequência na presença e na ausência de outros macacos. O modelo mostrou que esse indivíduo realizou significativamente menos golpes na presença de coespecíficos (P < 0,05), sugerindo que ele ajusta a frequência dos golpes quando há uma audiência, o que pode indicar que o animal proficiente regula frequência de golpes durante os eventos de quebra na presença de uma audiência. Tais dados são promissores para a compreensão de dinâmicas que envolvem a relação entre quebradores e observadores e o desenvolvimento de comportamentos como a habilidade de quebrar cocos.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
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Eduardo Bessa
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