O Teste de Viés Cognitivo (TVC) avalia se cães julgam o mundo com expectativa positiva ou negativa. O animal é treinado em uma tarefa discriminativa em que aprende que um lado do setup experimental é recompensador e o outro não. Quando demonstra que aprendeu a tarefa, o cão passa para o teste, em que é apresentado a um estímulo no meio (ambíguo). Além da latência de chegada a cada lado, o número de ensaios necessários para passar para o teste é informativo sobre como os cães lidam com seu ambiente. Aqui, analisamos a influência de variáveis intrínsecas e extrínsecas no número de ensaios de 59 cães adultos num paradigma de TVC. O método estatístico Stepwise (StepAIC) identificou as variáveis relevantes para a análise. Então, utilizamos um Modelo Linear Generalizado (distribuição de Poisson) considerando idade, sexo, origem e temperamento do cão, idade da tutora, tempo de convivência com a família e número de pessoas na casa como fatores fixos. Os resultados mostram que à medida que os cães envelhecem, precisam de mais tentativas para aprender a tarefa. Por outro lado, a cada acréscimo de um ano na idade da tutora, houve uma diminuição no número de ensaios necessários para a aprendizagem. Ao mesmo tempo, cães que vivem há mais tempo com suas famílias participam de menos ensaios. Também foi constatado que um aumento no número de pessoas na casa está associado a um aumento de número de ensaios. Por fim, o temperamento do cão mostrou ter efeito significativo, com cães com mais alta ativação positiva precisando de mais tentativas para aprender a tarefa. Nossos dados indicam que algumas variáveis intrínsecas e extrínsecas têm um efeito na aprendizagem dos cães no TVC, fornecendo evidências de que características do próprio animal e do seu ambiente influenciam em como ele interage com o mundo.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
Comissão Organizadora
Eduardo Bessa
Comissão Científica