Estudos etológicos mostram que parasitas podem mudar padrões comportamentais dos hospedeiros. Este estudo explora se existe mudança comportamental em macacos-pregos Sapajus sp., pela presença ou ausência de parasitas intestinais. Testamos a hipótese de que indivíduos parasitados serão menos ativos e apresentarão mais comportamentos que conservam energia. Registramos comportamentos de 17 macacos-pregos adultos cativos resgatados do tráfico e mantidos sob cuidados do CETAS-RN. Os animais são mantidos em grupos sociais, em recintos de aproximadamente 30 m3, com enriquecimento ambiental. A comida é oferecida uma vez ao dia, e a água é ofertada ad libitum. Utilizamos o método de varredura, registrando comportamentos dos indivíduos a cada dois minutos, pelo aplicativo “Prim8”. O etograma tem 78 comportamentos, agrupados em 13 macrocategorias comportamentais: locomoção, social positivo, brincar só, observar, vigiar, forrageio, ingestão, manipulação de ambiente e alimentos, inativo, outro, autodirigido e estereotipia. Amostras de fezes foram coletadas quando os indivíduos estavam em gaiolas individuais durante exames de rotina. As amostras são enviadas para laboratórios veterinários locais. As médias das macrocategorias foram utilizadas num teste t de Student, no programa “R”, para comparar variações comportamentais em animais parasitados e não parasitados. Dos 17 animais examinados, 10 possuíam Ancylostoma sp. Os resultados mostraram que animais parasitados observam o ambiente, vigiam e forrageiam mais, mas têm menores taxas de ingestão que os não parasitados. Isso indica que parasitas induzem o aumento do estado de alerta dos animais. O maior forrageio com menor ingestão pode indicar uma estratégia de evitação de competição direta, como os animais parasitados buscando itens remanescentes no recinto. As mudanças comportamentais causadas por parasitas têm implicações importantes ao bem-estar animal, na reabilitação e para estudos de personalidade. Este trabalho destaca a necessidade de integrar a parasitologia à etologia, visando desenvolver a formulação de estratégias de conservação e manejo de espécies de macacos-pregos.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
Comissão Organizadora
Eduardo Bessa
Comissão Científica