A desigualdade de gênero na ciência é um problema que ainda persiste no Brasil. No país, as mulheres representam a minoria entre cientistas, e, fatores como idade, gravidez e a dupla jornada de mãe e cientista ainda são desafios para o egresso e a permanência das mulheres no mundo acadêmico. Na primatologia, uma pesquisa recente revelou que as mulheres têm ocupado uma posição representativa e até predominante; no entanto, são necessárias novas investigações para entender completamente esse cenário, especialmente no campo do comportamento de primatas, que se insere na etologia. Neste contexto, fizemos uma retrospectiva abrangente de publicações feitas por etólogos e etólogas do Laboratório de Etologia, Desenvolvimento e Interação Social (LEDIS) da Universidade de São Paulo, entre os anos de 2012 e 2024, para compreender a presença de mulheres nas investigações conduzidas com primatas. O LEDIS, entre outros temas, investiga o comportamento de populações selvagens de macacos-prego, principalmente por meio de gravações em vídeo, que facilita a coleta de dados e amplia as possibilidades de pesquisa a distância. Examinamos os períodos de publicação, os temas de investigação e a participação de mulheres como primeiras autoras e co-autoras. Nossos dados revelaram uma significativa presença feminina nas publicações do LEDIS: excluindo a pesquisadora principal do LEDIS, nossos dados revelaram que todos os artigos incluíram pelo menos uma mulher entre os autores, e 72% dos artigos foram publicados por mulheres etólogas como primeiras autoras. Além disso, identificamos 18 mulheres diferentes que publicaram como primeiras autoras. Com base nessa revisão, concluímos que há uma forte predominância de mulheres nas publicações do LEDIS, refletindo o cenário observado na primatologia. Investigações em outros laboratórios de etologia ainda são importantes para aprofundar o entendimento sobre a dinâmica de gênero nesse campo.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
Comissão Organizadora
Eduardo Bessa
Comissão Científica