Diferenças sexuais nas vocalizações ultrassônicas (VUs) já foram detectadas em algumas espécies de roedores, porém ainda não há evidências de ocorrer na subfamília Sigmodontinae, um grupo endêmico da América do Sul. Investigamos se as VUs emitidas pelo ratinho-goytacá (Cerradomys goytaca) diferem entre os sexos, focando nos parâmetros espectrais e temporais, e na probabilidade de emissão de diferentes tipos de chamado. Realizamos gravações acústicas em díades heterossexuais, onde o sujeito não-focal foi isolado acusticamente em um aparato próprio para testes de socialidade de camundongos de laboratório. Foram gravados 19 indivíduos (M = 7, F = 12), dos quais obtivemos 1081 vocalizações (M = 417, F = 664). Devido ao tamanho da amostra, testamos a magnitude do efeito com o teste Delta de Cliff para todas as variáveis. Para verificar diferenças entre os sexos, aplicamos o teste Mann-Whitney e o teste qui-quadrado para testar a probabilidade de emissão de tipos de vocalização entre sexos. Os parâmetros espectrais diferiram significativamente (p<0,05), com machos emitindo VUs mais agudas (x?±SD: M 44,02±30,13 x F 26,07±16,31 kHz) e com uma largura de banda maior que fêmeas (M 20,45±20,97 x F 9,20±7,76 kHz). Os parâmetros temporais (duração da vocalização e intervalo entre as notas) foram os únicos em que o Delta de Cliff detectou efeito muito baixo por conta do tamanho da amostra. Finalmente, através do teste chi-quadrado foram observadas diferenças significativas (p<0,05) na probabilidade de emissão de chamados entre machos e fêmeas. Nossas evidências sugerem que o uso das VUs por machos e fêmeas diferem na frequência dominante, na largura de banda e no tipo de vocalização. Essas diferenças podem indicar diferentes pressões seletivas sexuais sobre o comportamento vocal da espécie, bem como ser informativo sobre o sexo do emissor em um contexto de comunicação de curta distância.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
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Eduardo Bessa
Comissão Científica