Se o estudo do comportamento animal constitui um desafio, a inferência comportamental para organismos extintos significa um desafio ainda maior, haja vista estes organismos não estarem mais disponíveis para observação e análise. Logo, é preciso utilizar-se de mecanismos que possam viabilizar a reprodução da "dinâmica de funcionamento" destes organismos para que as etapas de observação e análise sejam realizadas. É por esta razão que o uso de tecnologias 3D, como a modelagem tridimensional, consiste em uma importante ferramenta neste processo por permitir, por exemplo, o estudo do movimento, e consequentemente comportamento, destes animais em ambiente virtual. Mediante o uso de modelos CAD (computer-aided design) gerados a partir dos dados anatômicos e morfológicos de organismos extintos, além da comparação com dados de organismos viventes, estão em teste o estudo hidrodinâmico do nado de uma raia extinta, as possibilidades de postura alar possíveis para uma espécie de pterossauro, e a viabilidade escavatória dos gliptodontes para análise desta capacidade neste grupo de tatus extintos. No primeiro e último casos, é fundamental o conhecimento deste dado - funcional e comportamental - oriundo do organismo vivente para fins de comparação. No caso dos gliptodontes e outros vertebrados fósseis para os quais se pretende testar mobilidade apendicular, o organismo extinto tem os ossos dos seus membros anteriores reconstruídos e a musculatura delineada em seus pontos de origem e inserção por comparação com representantes viventes mais próximos do grupo no qual estão alocados. Enfim, o organismo tem o movimento de interesse simulado em ambiente virtual. Resultados neste sentido tem sido trazidos com relação aos graus de liberdade das articulações, por exemplo, definidas para os organismos extintos a partir da comparação com organismos atuais, e às possibilidades de movimento em diferentes meios (ar, água) onde diferentes variáveis físicas atuam e influenciam nas formas de deslocamento observadas.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
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Eduardo Bessa
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