Animais modulam o seu comportamento para evitar predação de acordo com condições do ambiente. Algumas dessas condições ambientais são a disponibilidade de abrigos (complexidade do habitat) e a presença de um predador. Frequentemente, animais expostos ao turismo percebem humanos como predadores, aumentando a vigilância e reduzindo comportamentos de manutenção, como alimentação. Nosso objetivo foi avaliar como a disponibilidade de abrigos e a presença humana afetam o comportamento alimentar em peixes. Previmos que a presença humana reduziria a alimentação, especialmente em ambientes menos complexos. Para testar essa hipótese, posicionamos câmeras com isca em locais com e sem abrigos para os peixes e na presença e ausência de pessoas fazendo barulho. Os peixes se alimentaram duas vezes mais em ambientes com abrigos (332,8±29,3 contra 174±57,7; F=3,55; p=0,008). No entanto, o mesmo efeito não foi observado em relação aos ruídos antropogênicos (F=0,11; p=0,75) e nem à latência em se alimentar (F=1,42; p=0,25 para o ambiente aberto x fechado; F=0,32; p=0,58). O ruído antropogênico interferiu na alimentação dos peixes no ambiente aberto, mas eles logo retornavam a alimentação. Apesar dos indicativos de habituação, é importante reforçar que ela não significa ausência de impactos. Concluímos que os peixes iniciam a ingestão alimentar no mesmo tempo, mas retomam mais rápido a alimentação após uma perturbação humana quando estão protegidos. O estudo contribui para o entendimento das interações entre o turismo e a fauna aquática, sugerindo que em habitats complexos (com abrigos), a presença humana pode ser mais tolerada.
Uma da partes mais ricas de um evento é ter a oportunidade de apresentar seus trabalhos para colegas cientistas e interagir com os pares. Um Encontro pressupõe várias pessoas e foi fundamental ter a contribuição de tantos cientistas para o nosso encontro. Graduandos e pós-graduandos apresentaram suas descobertas e testaram a receptividade da comunidade científica a suas ideias. Isso não apenas enriqueceu os seus currículos, mas os ajudou a construir sua imagem como pesquisador, contribuiu para sua capacidade de argumentação e criou uma rede de contatos com colegas de área.
Nos simpósios vimos a interação entre cientistas de diferentes instituições que estão produzindo pesquisa numa mesma área. Foi uma forma rica de construir colaborações e de sintetizar descobertas.
Comissão Organizadora
Eduardo Bessa
Comissão Científica